Londrina e a arte de quem sai no frio sob a neblina
Ainda que o inverno paire sobre nossas cabeças, há mais na agenda cultural do que maratonar séries no streaming
PUBLICAÇÃO
sábado, 13 de julho de 2024
Ainda que o inverno paire sobre nossas cabeças, há mais na agenda cultural do que maratonar séries no streaming
Celia Musilli
Definitivamente, não dá para dizer que, em Londrina, "não há nada para fazer no fim de semana." Ainda que o frio e o chove não chove paire sobre nossas cabeças, há muito mais na agenda cultural do que maratonar séries no streaming, embora um bom cobertor, o vinho, a pipoca e um gato dormindo aos nossos pés possam indicar o máximo de diversão neste inverno.
Para quem se dispuser a tirar o casaco do armário, o cachecol e a vontade que se escondeu na última xícara de café, os dias frios sempre marcam a arte e a cultura de Londrina de forma positiva. Sair na neblina fantasmagórica que às vezes envolve a cidade ou sob sol que aparece entre nuvens, mais que um ato de coragem, é um ato de ir ao encontro da cidade que revela uma face glamourosa no frio, como se calçasse botas femininas.
A Londrina de tantos festivais, de tanta música, dança e teatro, escondido nas grandes temporadas que tivemos no FILO, respira muita cultura, um combustível de inverno que vale mais que uma sopa quente ou uma fatia de pizza com queijo derretido.
Embora as agendas culturais que publicamos diariamente na FOLHA indiquem todos os eventos, é preciso chamar a atenção neste final de semana para a eclosão de arte que nos sugere experiências imersivas.
No 44º Festival Internacional de Música de Londrina, a Osuel anuncia, neste sábado (13), que os dias também são de Mozart. Mas tem o concerto de abertura ao ar livre que leva arte ao Lago Igapó 2 neste domingo, às 15 horas, com a Oppera Big Brass Band mostrando que nem tudo é frio por aqui.
Para esquentar ainda mais, tem o HH Trio no Teatro Ouro Verde, que recebe "o cara", aquele que conseguiu instituir no Brasil o Dia Oficial do Choro. O nome dele é Hamilton de Holanda, o HH do trio, que está aqui para instituir a música popular como mensageira de um país mais feliz.
Para quem prefere o teatro, o monólogo sensível "Em alguma margem, no rio", com o ator Paulo Barcellos, neste sábado e domingo, propõe uma imersão na obra de Guimarães Rosa na DAC - Divisão de Artes Cênicas da UEL. Mas corram, a temporada está chegando ao fim e o espaço da DAC acomoda até 70 pessoas, na cidade de tanta vida cultural e poucos teatros.
Tem ainda o evento "Conexões Urbanas", no Londrina Norte Shopping, neste sábado e domingo, para quem se liga nas artes que também ocupam a cidade com a explosão da juventude que faz do grafite, do hip hop e outras danças urbanas, a bandeira que deflagra: "A gente não quer só comida/ quer bebida, diversão, balé!"
Com tantos apelos, além das baladas e bares só para apreciar uma banda frenética, só não sai de casa quem não quer, ou olha demais para aquele cobertor no sofá pedindo para que a gente se enrole no tédio. Para algum lugar eu vou, para ouvir Mozart ou me emocionar com a mpb. Só não dispenso, na volta, o gato para maratonar comigo.