Chegamos a 8 bilhões no planeta: teremos futuro?
Os chamados "bebês bilhões" são símbolos do aumento da população em larga escala
PUBLICAÇÃO
sábado, 19 de novembro de 2022
Os chamados "bebês bilhões" são símbolos do aumento da população em larga escala
Celia Musilli - Editora
No último dia 15, o mundo celebrou nascimentos que elevam a população a 8 bilhões de pessoas. Convenhamos, é muita gente e todo planeta deve se voltar para este número como um alerta no presente para que tenhamos futuro.
Os chamados "bebês bilhões" nasceram nas Filipinas e República Dominicana. Na verdade, eles são simbolos do índice alcançado pela população mundial. Muito mais bebês nasceram no dia 15, mas estes dois ficam registrados como nascimentos que giraram o planeta para outro patamar de celebração e preocupação.
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A garotinha Vinice Mabansag nasceu nas Filipinas à 1h29 e ocupou o lugar de "bebê bilhão" de seu país. Já na República Dominicana, Dámian nasceu exatamente a 0h do dia 15, nada mais simbólico. Mas, assim como eles, outros bebês aumentaram a fila desta "virada da humanidade".
Mas o que aguarda esses bebês no futuro?
O território das Filipinas, com cerca de 300 km quadrados, tem aquilo que é considerado essencial para a regulação climática: florestas, mas também enfrenta "bichos" difíceis de serem enfrentados, tufões e chuvas excessivas. Com 111 milhões de habitantes, a maior parte de sua população vive na zona rural, embora sua economia seja baseada no turismo e na indústria. O pais é considerado um dos "novos tigres asiáticos".
Nem por isso, a vida de Vinice será fácil. Num planeta que já padece por falta de água potável e terras agricultáveis, que tem regiões desérticas ou chuvas em demasia, a desigualdade econômica impulsiona a migração de povos nem sempre bem recebidos em outros países, para onde multidões fogem da pobreza em barcos super lotados que muitas vezes naufragam, matando milhares de desvalidos.
O retrato do planeta na atualidade também não é bonito para Damián. Nascido na República Dominicana, ele agora é cidadão de um país que sofreu intervenções militares - sobretudo dos EUA - e amargou governos ditatoriais. Hoje, a subnutrição atinge 21% da população, o índice de analfabetismo é de 11% e a mortalidade infantil é de 28 bebês para cada mil nascidos vivos.
No momento em que o mundo discute na COP27, no Egito, diretrizes para tirar o planeta do sufoco climático, não é hora de pensar só em resorts ou nas praias paradisíacas das Filipinas e do Caribe ocupadas por turistas, é preciso preservá-las. Os oceanos vêm sendo contaminados pelo plástico. Ou secamos essa indústria na "fonte" ou em breve as garrafas pet serão em maior quantidade que os peixes.
O que mais preocupa é a indústria de combustíveis fósseis e as emissões de gases de efeito estufa (GEE) que ameaçam a estabilidade do clima. Continuem esbanjando gasolina, óleo diesel e aerossóis, mas não se enganem, numa escala científica, 2 graus de aquecimento na Terra, em curto prazo, significa muito. E está acontecendo muito mais rápido do que no prazo que separava a Era do Gelo, de forma inversa, de um mundo de clima regulado. Os limites são muito frágeis.
Se os governos não saírem da COP27 dispostos a fazer o que não fizeram desde o Acordo de Paris, em 2015, o futuro de Vinice, Damián e outros "bebês bilhões" estará ameaçado. No momento, o que se vislumbra é apenas um furo enorme na camada de ozônio, responsável pela regulação do clima na Terra. É preciso plantar mais que ganância, é preciso plantar a luz no fim do túnel, afinal, não se come dinheiro.
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