Tanto falam do STF que até parece estar ali a raiz dos "pobremas" brasileiros, aqueles problemas que perpetuam a pobreza. Mas realmente, como dizem na net, não é estranho um Supremo formado por onze ex-advogados e só um juiz?

O STF é assim um problema com duas raízes, uma a ser extirpada e outra a ser criada. A raiz a extirpar são os juízes do Supremo serem indicados pela Presidência da República. Em nome do equilíbrio entre Legislativo, Executivo e Judiciário, com o viciado “sistema de pesos e contrapesos”, o que se conseguiu foi a corrupção recíproca entre os poderes públicos.

A segunda raiz do problema é criar um sistema eleitoral representativo e democrático para eleição dos supremos juízes. Poderiam ser eleitos, em rodízio, pelo tripé que opera a Justiça, os promotores, os juízes e os advogados, representados por suas associações nacionais. Acreditar que essas entidades só elegerão anjos será desconhecer a natureza humana, mas acreditar que só elegerão demônios será desacreditar da evolução humana.

As eleições deste ano provocam tanta paixão, mas tudo indica que, se não formos às raízes, reformando e transformando o sistema político, continuaremos com pobres orçamentos para grandes carências. São imensos "pobremas" como os privilégios estatais, por exemplo as aposentadorias públicas que até a reforma da previdência ameaçavam estrangular os orçamentos. Mas muitos outros privilégios continuam sob muitas outras formas, basta ver que federalmente, depois de pagos os salários, os privilégios trabalhistas e de gestão, as mordomias e, principalmente, os juros da dívida pública, sobram em torno de 3% do orçamento para fazer ou tocar seja o que for.

Já tivemos tempos em que o Estado impulsionou progresso, e tempos em que seu peso retardou tudo, como agora. Sem emagrecer e agilizar o Estado, inclusive e Justiça e o Legislativo, nunca vai sobrar dinheiro para fazer mais do que pouco e precariamente é feito ou tocado pelos governos.

Dá uma grande inveja da minúscula Islândia, que tem só 320 mil habitantes, mas fez uma grande constituição atacando as raízes de seus problemas, sem os velhos partidos políticos e com intensa participação popular. Em vez de confiar que uma boa constituição podia ser feita pelos mesmos que levaram o país ao caos, resolveram que todos podiam ser candidatar a constituinte, bastando ser indicado por outros 30, e assim surgiram mais de 900 candidatos e 500 foram eleitos. Estes debateram e elegeram 25 dentre eles para terminar a tarefa.

Esses 25, na grande maioria cidadãos comuns, resolveram porém abrir participação popular pela internet, onde publicavam todo dia o que iam discutindo. Foram recebendo críticas e sugestões, e assim lapidaram-se as leis e surgiram do Twitter e do Facebook 1.250 itens da nova constituição que desde então promove ordem e progresso na Islândia.

Leia mais: https://www.folhadelondrina.com.br/folha-2/projeto-da-poeta-londrinense-chris-vianna-une-poesia-e-musica-em-video-3205855e.html

Outros países já adotaram coisas do modelo islandês, que porém só aconteceu porque o país foi tão espoliado pelo sistema bancário internacional que o povo se revoltou intensamente e exigiu transformação. Claro que, num país do tamanhão do Brasil, falta antes de tudo essa desaceitação popular do sistema falido, cheio de "pobremas" a gerar pobreza econômica e moral. Inveja dos islandeses.

Receba nossas notícias direto no seu celular, envie, também, suas fotos para a seção 'A cidade fala'. Adicione o WhatsApp da FOLHA por meio do número (43) 99869-0068 ou pelo link wa.me/message/6WMTNSJARGMLL1