A Vila Nova se chama assim porque um dia a cidade acabava ali onde começava uma vila nova – embora outra também começasse noutro lado da cidade e, não podendo mais dizer-se nova, botou-se nome grande, Vila Brasil. Já outra vila antiga, a Casoni, tem nome do carpinteiro, Domingos Casoni, que construiu muitas das casas da cidadezinha de madeira da Londrina inicial, que logo se transformaria em cidade de alvenaria.

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A Higienópolis, nossa primeira avenida, imitou nome da avenida paulistana, assim já se dizendo elitista, embora, em grego, a palavra signifique apenas “lugar saudável”. E saudável ela se manteve, desde quando era pavimentada de paralelepípedos, e sua mudança de residencial para comercial a transformou em símbolo das transformações de Londrina.

Talvez a nova cidade, enfiada numa região de estradas difíceis, quisesse reconhecimento nacional ou reconhecer-se brasileira, então deu nomes de estados às suas primeiras ruas. Nasci na Maranhão, antes ainda de receber os paralelepípedos que ainda estão na rua depois de cobertos de asfalto, e são só o que não mudou por ali, onde o salão de barbeiro de meu pai virou edifício e a pensão de minha mãe virou loja e assim por diante.

Das quatro praças em arco, formando no Centro o que seria uma “cidade-jardim” na visão dos colonizadores, a Praça Gabriel Martins e a Willie Davids transformaram-se encampadas pelo Calçadão da Avenida Paraná, e só a Sagrado Coração continua praça, embora desusada como tantas praças brasileiras, povo é sempre o que mais falta em nossas praças.

Curioso é que na Vila Ipiranga colocaram nomes de bandeirantes nas ruas, porque em 1953 isso era feito pela Prefeitura sem ter de passar pelos vereadores, mas pode-se duvidar se teriam objetado homenagear assim os paulistas que aqui vinham para escravizar índios. Como a cidade, a consciência social também se transformou. Menino aprendi que os bandeirantes eram heróis, meus netos aprendem que eram escravizadores, embora com suas bandeiras eles também tenham transformado o mapa do Brasil, ou poderíamos estar aqui falando espanhol e com Assunção como capital.

A Avenida Celso Garcia Cid está onde foi a entrada inicial da cidade, por onde Seo Celso, já empresário e ainda motorista, chegava dirigindo jardineira da Viação Garcia, ele mesmo um exemplo da transformação pessoal de muitos dos nossos pioneiros ao terem acesso a terra ou oportunidades para empreender.

A geada de 1975 castigou muitas cidades da região, tanto que uma década depois só duas, Londrina e Maringá, tinham aumentado população, entretanto aquele castigo também transformou Londrina, abrigando êxodo rural nos conjuntos habitacionais. Como os primeiros eram cinco, receberam o apelido de Cincão, transformando-se praticamente numa outra cidade.

O Igapó era um riacho, cuja transformação se deu graças à visão e à tranquila tenacidade do prefeito Antonio Fernandes Sobrinho, que enfrentou críticas por fazer “um lago longe da cidade”... E hoje, quando se fala na Londrina inteligente, com empresas tecnológicas e sem poluição, parece caminho natural para uma cidade que sempre se transformou.