Internet e celular transformaram as comunicações não só em alcance e rapidez como também com a auto-edição: qualquer pessoa pode se expressar livremente sem intermediário e, com a IA, até sem precisar revisar textos, assim dispensando editor e também revisor.

Muitos porém não dispensam também pudor e bom senso. por exemplo a maquiadora que se maquia interminavelmente, para depois se mostrar pior que antes.

Nas redes ditas sociais (e também anti-sociais) o exibicionismo disputa com a picaretagem. Como o objetivo de muitas postagens é pendurar anúncios, os textos (depois de um título intrigante ou espantante) alongam-se em introdução e prolegômenos e considerações e flechebeques, até chegarem ao deslindamento pífio do título enganoso, fazendo-se leitura preferida de otários ou masoquistas.

Até por isso, o sucesso dos influencers se baseia na rapidez, apresentando logo a bobagem da vez. Assim, também rapidamente conseguem milhões de seguidores, que porém também se evadem rápido e não voltam mais, originando imensas bolhas de pretensa popularidade – pois as bigtecs controladoras deixam os números a mentir para manter as ilusões no ar.

E como tem gente apostando em iludir! Tantos enviando a tantos tantas informações sem origem nem meios de comprovação! Tantos ensinando a fazer hortas sem botar a mão na terra!

Tantos mais convidam a escrever e publicar livro, é só clicar no saiba-mais e pronto, você se transformará num escritor! Oferecem pacotes de serviços desde “planejamento” até a ficha catalográfica e ISBN, coisas que se pode ter baratinho e facilmente. Há até quem anuncie que para escrever um livro, não é preciso nem escrever! Poderão transformar depoimentos ou malalinhados escritos em ótimos textos (decerto perpetrados artificialmente).

E como abundam os dietistas! E todos os sem dietética garantem que, comendo ou deixando de comer isso ou aquilo, você com certeza se fortalecerá ou emagrecerá ou se curará que só vendo! E tome fotos de antes/depois de pessoas que emagreceram e muscularam nas fotos (ou apenas nas fotos).

Essa dietagem pode ser chamada desde nutrologia até nutrosofia, transformando-se em religião ou filosofia (lembrando os pioneiros macrobióticos, que achavam sua dieta não só forma de alimentação como fonte de espiritualização), e assim se vai das receitas de culinária às receitas de vida.

Mas é na política que as redes conseguem não só envolver, como a própria palavra “redes” bem expressa, como também iludir fundindo textos, áudios e videos, geralmente com anônima edição (ou manipulação)...

As técnicas de indução são as mesmas da velha retórica: com informações manipuladas causar espanto cívico, a ser transformado em indignação e enfim coesão, formando grupos e massas em prontidão, prontos para votar em quem a Rede indicar ou para fazer o que a Turma quiser. E sempre o objetivo é polarizar entre esquerda/direita. vegetarianos/carnívoros, criando o contrário da democracia, que é o diálogo.

Claro que há também os que passam informações reais e prestam bons serviços, e geralmente são rápidos e objetivos, sem enrolação, mitificação e elogiação.

No mais, nunca tantos puderam ser mobilizados por tão poucos. Esperemos que a democracia, sempre em evolução, saiba corrigir e bem incorporar o melhor dessa Revolução das Ilusões.