Turismo a pé pela Capital do Café pode começar diante do renascido Cine Ouro Verde, onde funcionou a Companhia de Terras. Ao lado está o “edifício do café” com seu relojão, e na Praça Willie Davids, o inglês primeiro prefeito, pode-se ver a estátua de Mercúrio, Deus do Comércio, que transformou Londrina em centro regional. Também estão ali as primeiras árvores públicas da região, plantadas por pioneira associação civil.

Daí o turista pode ver no Bosque a última peroba, passando por onde foram as Casas Fuganti e a quadra de tênis dos ingleses hoje biblioteca pública. E a Igreja Matriz lembrará que o plano da Companhia era uma cidade-jardim, com a igreja no ponto central, com 10 mil moradores e com quatro praças em arco, formando circuito de lazer e compras semanais para os 20 mil moradores do campo...

Ali está também a Praça “da Bandeira”, símbolo da criatividade londrinense, que assim a apelidou por casualmente lembrar o traçado da bandeira britânica. Mas verdadeiro e autêntico como são as rochas, ali está o Altar da Pátria, obra do artesão Lauro Garcia, que durante semanas cinzelou ali mesmo as lajes de diabásio.

Pertinho no Bosque está a Figueira-Branca, que foi árvore indicativa de terra fértil e hoje lembra a importância da terra-vermelha na História de Londrina. Descendo a colina, o turista pode passar pela então Ladeira do Sabão, hoje Avenida São Paulo, onde passavam escorregando os chegantes à Londrina do barro.

Chegantes sim, porque seguindo abaixo, o turista dará com o Museu Histórico, numa estação ferroviária, e o Museu de Artes, numa estação rodoviária, a lembrar que Londrina se fez recebendo gente do país todo e do mundo inteiro. Inclusive as freiras que criaram o pioneiro Colégio Mãe de Deus já em 1936 e depois a Santa Casa, num tempo de intensa participação civil para obras públicas.

Por ali há mais exemplos da Londrina empreendedora, como o Edifício Júlio Fuganti, projetado por Américo Sato e, com sua pioneira fachada de vidro, exemplo da modernidade londrinense. Como são também a Concha Acústica e, com projeto de Carlos Castaldi e Villanova Artigas, e a Secretaria da Cultura onde já foi Casa da Criança e biblioteca pública, tornando-se vitrine das mudanças de Londrina. E ali estão também os edifícios do Centro Comercial, a simbolizar a verticalização da cidade.

Esticando pela Avenida Paraná, o turista chegará a duas altas caixas-dágua de linhas modernistas, no alto da pioneira Avenida Higienópolis, que foi planejada apenas para moradias e hoje tem quase só comércio, por isso também símbolo das transformações de Londrina. Já o Palacete Celso Garcia Cid simboliza ali a permanência da qualidade.

Dali o turista poderia cruzar o centro até o Marco Zero, se houvesse alguma estrutura turística lá onde Londrina começou. Mas pode ver o renovado Postinho de Saúde da Vila da Fraternidade, um dos pioneiros do Sistema de Saúde Pública do Brasil. Ou também ali, no começo da Estrada dos Pioneiros, o Shopping Boulevard, onde foi a chácara que Celso Garcia vendeu para ir buscar zebus na Índia e transformar a pecuária nacional.

Dá um passeio de muitas histórias numa História de transformações.