Somos as flores, os órgãos genitais das 250 mil espécies de plantas angiospermas, que são 90% da flora do planeta.

Angiosperma, em grego, significa “bolsa de sementes”, e sem flores não haveria sementes portanto nem a Bolsa de Cereais, sequer a Bolsa de Valores, portanto as Flores também merecem letra maiúscula.

Somos os seres mais numerosos e vistosos à vossa vista, e mesmo assim há quem pouco nos veja e até ignore, enquanto muitos, que muito nos prezam, nos vêem apenas como enfeites, embora sejamos fonte de vida!

Quando surgimos, há uns 140 milhões de anos, a bicharada pouco tinha o que comer, e por isso mesmo eram poucos bichos.

Melhoramos a comida dos bichos, possibilitamos tantos pássaros, fizemos a única revolução realmente planetária, só não florimos na Antártica.

Nós geramos para a Terra não só as sementes, de que tantas aves dependem, mas também o pólen ou néctar para, por exemplo, os beija-flores.

Para gerar sementes, nós transamos sem uma precisar ir até a outra, insetos vão por nós, levando pólen nas patas.

Cada tipo de flor tem sua forma para bem receber o tipo de inseto que escolheu ou por quem foi escolhida em milhões de anos de evolução; e evoluímos tanto que muitas de nós também podem ser fecundadas longe pelo vento.

Os insetos atraímos com nossas cores e odores, até com artimanhas como o girassol, que aliás é a flor nacional da Ucrânia. Pois ardilosamente o girassol amarela algumas de suas folhas para parecerem grandes pétalas, assim atraindo muitos insetos por precisar de muito pólen para tantas sementes.

E poucos humanos se dão conta de que também dependem de nós, como tantos bichos e insetos, pois soja, arroz, feijão, trigo (e seu pão de cada dia), como também aveia, centeio e milho etc, são todos grãos filhos de pequeninas flores.

Evoluímos mas sofremos com os humanos. Por exemplo, a maior flor do mundo, a asiática raflésia, pesa dez quilos e mede mais de metro, tem cheiro de carne, por isso é chamada de flor-cadáver, atraindo tanto turismo que está afetando as florações...

Mas a flor mais miudinha, a wolffia, que mal se vê, no entanto alimenta muita gente, proliferando tanto na água que forma grossos tapetes usados como forração ou para culinária.

E é preciso não esquecer que, além de sementes, as flores dão frutos, que as plantas criaram para proteger as sementes. A banana entretanto, tão comestível, nem fruta é, é gorda flor.

Além de comer sementes e frutos e até as próprias flores mesmo, os humanos usam as flores nos jardins e nas artes, quem não conhece os girassóis de Van Gogh?

Flores acompanham a vida humana desde o buquê do homem apaixonado para a mulher com flor no cabelo, até o cravo na lapela do defunto.

A floricultura é, como dizem os humanos, o ramo que mais cresce nessa árvore onipresente que chamam de economia.

Finalmente, quando todo humano se vai deste mundo, vai com flores, seja para a terra ou para o fogo.

E nós flores nem precisamos falar de nós mesmas, simplesmente encantamos quem faça isso por nós.

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A opinião do colunista não reflete, necessariamente, a da Folha de Londrina.

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