A fala das flores e sua revolução planetária
Cada tipo de flor tem sua forma para bem receber o tipo de inseto que escolheu ou por quem foi escolhida em milhões de anos de evolução
PUBLICAÇÃO
sábado, 22 de outubro de 2022
Cada tipo de flor tem sua forma para bem receber o tipo de inseto que escolheu ou por quem foi escolhida em milhões de anos de evolução
Domingos Pellegrini
Somos as flores, os órgãos genitais das 250 mil espécies de plantas angiospermas, que são 90% da flora do planeta.
Angiosperma, em grego, significa “bolsa de sementes”, e sem flores não haveria sementes portanto nem a Bolsa de Cereais, sequer a Bolsa de Valores, portanto as Flores também merecem letra maiúscula.
Somos os seres mais numerosos e vistosos à vossa vista, e mesmo assim há quem pouco nos veja e até ignore, enquanto muitos, que muito nos prezam, nos vêem apenas como enfeites, embora sejamos fonte de vida!
Quando surgimos, há uns 140 milhões de anos, a bicharada pouco tinha o que comer, e por isso mesmo eram poucos bichos.
Melhoramos a comida dos bichos, possibilitamos tantos pássaros, fizemos a única revolução realmente planetária, só não florimos na Antártica.
Nós geramos para a Terra não só as sementes, de que tantas aves dependem, mas também o pólen ou néctar para, por exemplo, os beija-flores.
Para gerar sementes, nós transamos sem uma precisar ir até a outra, insetos vão por nós, levando pólen nas patas.
Cada tipo de flor tem sua forma para bem receber o tipo de inseto que escolheu ou por quem foi escolhida em milhões de anos de evolução; e evoluímos tanto que muitas de nós também podem ser fecundadas longe pelo vento.
Os insetos atraímos com nossas cores e odores, até com artimanhas como o girassol, que aliás é a flor nacional da Ucrânia. Pois ardilosamente o girassol amarela algumas de suas folhas para parecerem grandes pétalas, assim atraindo muitos insetos por precisar de muito pólen para tantas sementes.
E poucos humanos se dão conta de que também dependem de nós, como tantos bichos e insetos, pois soja, arroz, feijão, trigo (e seu pão de cada dia), como também aveia, centeio e milho etc, são todos grãos filhos de pequeninas flores.
Evoluímos mas sofremos com os humanos. Por exemplo, a maior flor do mundo, a asiática raflésia, pesa dez quilos e mede mais de metro, tem cheiro de carne, por isso é chamada de flor-cadáver, atraindo tanto turismo que está afetando as florações...
Mas a flor mais miudinha, a wolffia, que mal se vê, no entanto alimenta muita gente, proliferando tanto na água que forma grossos tapetes usados como forração ou para culinária.
E é preciso não esquecer que, além de sementes, as flores dão frutos, que as plantas criaram para proteger as sementes. A banana entretanto, tão comestível, nem fruta é, é gorda flor.
Além de comer sementes e frutos e até as próprias flores mesmo, os humanos usam as flores nos jardins e nas artes, quem não conhece os girassóis de Van Gogh?
Flores acompanham a vida humana desde o buquê do homem apaixonado para a mulher com flor no cabelo, até o cravo na lapela do defunto.
A floricultura é, como dizem os humanos, o ramo que mais cresce nessa árvore onipresente que chamam de economia.
Finalmente, quando todo humano se vai deste mundo, vai com flores, seja para a terra ou para o fogo.
E nós flores nem precisamos falar de nós mesmas, simplesmente encantamos quem faça isso por nós.
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A opinião do colunista não reflete, necessariamente, a da Folha de Londrina.
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