Não há como Londrina capitalizar-se como ex-Capital do Café? Tiremos esse ex: por que Londrina não pode voltar a ser Capital do Café? Podemos até dizer que Londrina nunca deixou de ser a Capital do Café, no sentido mesmo de mostrar como, cultivado daquele jeito, o café não teria a força e o futuro que tem hoje. Pois hoje, com a junção de nova cafeicultura e cultura do café, podemos reunir e impulsionar dois ramos fortes da economia, o agro e o turismo.

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Na inauguração do Museu do Café, o presidente Darci Piana, do Sesc, contou como, no sentido mais amplo da palavra “cultura”, a cultura do café pode ser produtiva e social:

- O Senac do Paraná lançou o ensino técnico de café, com curso para se conhecer café e aprender a fazer e servir café, como um ramo nobre da culinária e um costume antigo de nossa gente. Para isso montamos em várias cidades os Sesc Café, como investimento social sem esperar qualquer retorno financeiro, e agora estão todos dando lucro. São escolas públicas e gratuitas que entretanto se pagam, dando um exemplo do que o café ainda pode render.

O segredo desse sucesso parece estar no evidente fato de que café bom e bem feito forma freguesia, e, para isso, vê-se também que evoluíram juntas a cafeicultura e a cafeteria.

A antiga cafeicultura foi a maior predadora ambiental do Brasil, começou convivendo com a floresta no Pará mas, quando chegou ao Sul já ocupava glebas e regiões inteiras sem qualquer resguardo florestal, daí com empobrecimento da terra e erosão. Além disso, o velho café, como planta das Arábias, danava-se com as geadas. Mas a nova cafeicultura é de cafeeiros mais resistentes, em plantios adensados ocupando bem menos terra com colheitas maiores e melhores, ganhando produtividade agrícola e qualidade de bebida.

O café não é mais secado em chão de terreiros, onde era pisado por alparcatas de corda que danificavam menos os grãos mas, mesmo assim, era afinal café pisado. Hoje o café é bem tratado já na colheita, com o respeito que merece desde a torragem até o refinamento de preparo e de consumo, pois a cultura do café inclui também saber beber. Se isto fosse um discurso, seria hora de dizer que assim o café se faz fonte de riqueza social e evolução cultural.

Na Capital do Café várias cafeterias vão se firmando, apostando em bem servir bom café. E vê-se que os resultados melhoram onde se adiciona ao café densidade cultural: História, histórias, folclore, ambientação, culinária e doceria cafeeiras, cultura do café.

A Capital do Café pode ter até turismo pedestre no Centro Histórico, onde o café deixou muitas marcas históricas e símbolos arquitetônicos. O turista pode saber por exemplo, que a Avenida Paraná foi trilha de índios e de garimpeiros, quando o Paraná ainda era do Estado de São Paulo e sua região norte era o Sertão do Tibagi - até o dia em que começou bem aqui uma grande colonização, e o topógrafo Palhano reabriu aquela trilha que viraria avenida de uma capital, a Capital do Café.