Um espetáculo inútil de gestão
Gerentes sem ocupação se dedicam a informar cada passo, projeto ou ideia, não importando o valor dessas atividades
PUBLICAÇÃO
segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Gerentes sem ocupação se dedicam a informar cada passo, projeto ou ideia, não importando o valor dessas atividades
Abraham Shapiro
“Gerentes de função esvaziada”. Eles são os grandes mestres na arte de parecer ocupados. Quando suas tarefas reais desaparecem e a relevância se dissipa como fumaça, eles entram em cena com performances dignas de um Oscar. “Mostrar trabalho” é a palavra de ordem. E começa o espetáculo.
Primeiro ato: reuniões. Muitas reuniões. Problemas simples que poderiam ser resolvidos em um e-mail tornam-se encontros de horas para “alinhamento estratégico”. É um ciclo vicioso: cada reunião gera novas tarefas, discussões e, claro, mais reuniões.
O segundo ato traz as famosas campanhas que eles insistem em chamar de “marketing”. Expressões como “engajamento”, “sinergia” e “disruptivo” são lançadas com entusiasmo, mas sem nenhum entendimento claro de seu significado. O resultado disso é um amontoado de banners, frases e slogans sem nenhum sentido que pouco ou nada agregam.
E não podemos esquecer do elemento central do espetáculo: a comunicação incessante sobre tudo o que estão fazendo. Eles se dedicam a informar cada passo, projeto ou ideia, não importando o valor dessas atividades nem o quanto realmente se convertem em resultados. Tudo apenas como forma de reforçar a narrativa de que estão fazendo alguma coisa.
E o show continua: comitês para resolver problemas inexistentes, palestras motivacionais e “treinamentos transformadores” – que só transformam, mesmo, a paciência alheia
Por trás de tudo, há uma tentativa de fugir da pergunta que paira como um fantasma: “Será que ainda sou necessário?”. Enquanto isso, colegas assistem ao espetáculo entre risos nervosos e olhares exaustos, torcendo para que não apareça mais uma ideia mirabolante, como um “brainstorming de inovação colaborativa”.
No teatro desse tipo de gerente, o ingresso é obrigatório e o roteiro nunca muda: muito esforço para parecer útil, mas pouca ou nenhuma entrega real. E, claro, a busca pela saída de emergência segue sendo o maior desafio para quem assiste.

