Eu e um amigo estávamos em São Paulo. Era o final de uma tarde fria e entramos numa pequena confeitaria. Pedi uma xícara grande de chocolate quente. Uma delícia. Feito da maneira certa, viscoso, com espuma na proporção ideal, não muito doce e sabor acentuado.

O meu amigo tomou um cappuccino e também adorou.

O prazer do atendimento e dos produtos bem formulados nos levaram a um consumo compulsivo. Compramos várias coisas de que não precisávamos. O pensamento automático era: ‘se o chocolate e o cappuccino são tão bons, tudo o mais vale a pena’.

Conheço lugares onde ocorre o contrário do que vivemos ali. Todos trabalham corretamente, mas os consumidores vão se afastando aos poucos. A empresa faz propaganda, mas não adianta. Qual a causa deste fenômeno?

Veja com atenção e vai entender. Você já sabe que a competitividade está elevadíssima. Portanto, adotar cuidados suplementares, cuidados mais esmerados com o atendimento, na elaboração – ou apresentação – de cada produto, e não só produzi-los no padrão, é o que desperta a atração de quem consome. Estou falando daquele toque especial além da qualidade mínima. São atitudes assim que ajudam o cliente a estabelecer relação de transferência entre produtos, do tipo: “se isso é tão bom, aquilo também deve ser”.

No entanto, quando o cafezinho é básico, o cappuccino parece comprado pronto no supermercado, a música e o ambiente são revoltantes...a conclusão subliminar é que tudo o mais deve seguir a mesma linha - ou seja: nada é diferente disso.

Para mim, bastam o cafezinho e o cappuccino... e só desta vez, porque eu não volto mais!

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