Há uma linda história que ouvi de uma pessoa muito querida.

Certa vez, uma mãe veio acompanhada de seu filho visitar um sábio.

— Rabino – disse ela. — O meu filho é viciado em guloseimas. Ele está sempre comendo doces. Se o senhor lhe disser para parar, tenho certeza de que vai conseguir, e será bom para a saúde dele.

O sábio cofiou suas barbas, pensou e em seguida disse à mãe:

— Por favor, volte daqui uma semana junto do seu filho.

A mulher estranhou o pedido, mas retornou na semana seguinte. Então, o rabino fitou a criança e, com a firmeza convicta própria dos sábios, ordenou:

— Menino! Não coma mais doces, ouviu?! Se continuar, isso lhe fará muito mal.

O menino abaixou sua cabeça com respeito e temor. Antes de sair, porém, a mãe se voltou ao rabino dizendo:

— Mestre, agradeço demais pela sua ajuda. Mas, perdoe-me perguntar, por que o senhor não disse logo na primeira vez que aqui estivemos, e nos pediu para vir uma semana depois?

— Ah, sim — respondeu o bom rabino. — É que naquela data eu ainda comia doces.

Moral da história: a coisa mais fácil deste mundo é ordenar aos outros que façam ou não o que achamos certo. Mas só a coerência tem o poder de criar confiança. Se eu adoro doces, como posso aconselhar a alguém que não os coma?

Creio que todos nós – e eu me incluo nisso sem nenhuma restrição ou justificativa – carecemos de refletir sobre o nível real da nossa coerência em relação a todos os nossos valores antes de sairmos mundo afora pregando ideias e conceitos que aceitamos ou admiramos, mas não fazem parte das nossas práticas.

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A opinião do colunista não reflete, necessariamente, a da Folha de Londrina.

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