Pense em alguém que assista a vídeos pornográficos periodicamente. Aos poucos ele viverá em um mundo que não existe. E embora a pornografia não seja a descrição precisa de sexo, a realidade deste indivíduo é uma fantasia que nasceu do hábito que ele cultiva. E se ainda não enraizou, em breve estará profundamente inserida em seu fluxo de pensamento. O nome técnico disso é ‘hiper-realidade’.

As mídias sociais transportam gratuitamente cada vez mais pessoas à hiper-realidade. Elas perdem a capacidade de distinguir entre realidade e fantasia, o que compromete até mesmo sua capacidade de ser feliz.

Um dos aspectos mais desastrosos deste fenômeno são os constantes julgamentos de valor que fazemos sobre as nossas próprias vidas com base em como percebemos que todos os outros estão vivendo.

A obsessão em absorver todos os mínimos detalhes da vida dos demais e o vício de ‘seguir’ ou comentar é uma comprovação devastadora da insipidez e do vazio da sociedade atual.

Tendemos a esquecer que mídia social é quase sempre e inteiramente ‘fumaça e espelhos’, e que muitas vezes é simplesmente uma mentira descarada. Na maioria das situações estamos todos lidando com os mesmos desafios. E aqueles que colocam suas vidas em exibição frequentemente lutam ainda mais para alcançar a verdadeira felicidade, confiança e autoestima, porém, tudo o que obtêm é frustração e depressão.

Jamais deveríamos avaliar a nossa vida em comparação com a de outros. A única ferramenta a se utilizar no nosso autojulgamento é um espelho.

Ninguém possui a patente da felicidade. Ela é apenas parte da jornada da vida. Geralmente a encontramos quando começamos a reconhecer as nossas próprias conquistas e realizações.

A felicidade, como muitos já disseram, não é um destino ao qual se aporta. Ela é, sim, o subproduto de uma vida realizada.

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A opinião do colunista não reflete, necessariamente, a da Folha de Londrina.

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