Um vendedor experiente, rápido no gatilho para fechar vendas, achava que cordialidade era bobagem. “Para quê perder tempo sendo simpático? ” – pensava. Ele tinha anos na empresa e acreditava ser indispensável. Afinal, sua “eficiência” era o que importava, certo?

Não. Após uma série de reclamações de clientes, foi dispensado.

Sem emprego, descobriu que referências negativas pesam mais do que anos de casa. Ninguém queria contratar alguém com fama de tratar pessoas como números. Foi aí que ele entendeu: confiança demais no cargo anterior cegou-o para algo essencial – a construção de boas relações.

Confiança no trabalho é, sem dúvida, um ativo poderoso. Ajuda você a crescer, a dominar funções, a ser produtivo. Mas cuidado: se ela passa do ponto, vira indiferença. Aos poucos, você deixa de enxergar a importância de pequenos gestos. Um cliente insatisfeito? “Faz parte. ” Um colega irritado? “Problema dele. ” O que antes era autoconfiança saudável vira arrogância, e o pior: você nem percebe.

E então, um dia, a bolha estoura. O cargo que você achava eterno desaparece, e você se vê fora da empresa, sem rotina, sem prestígio. E eis a dura verdade: o que você deixou de fazer enquanto estava empregado – seja um atendimento descuidado ou um colega maltratado – te persegue. Não some.

O arrependimento é um professor cruel. Quando você está fora do mercado, percebe que poderia ter feito mais, agido melhor, cultivado mais empatia e responsabilidade. Percebe que, talvez, o desemprego tenha sido um reflexo direto do seu próprio comportamento negligente. E, infelizmente, o tempo não volta.

Lembre-se: o seu tempo de empresa não deve te cegar para o valor das relações. O mercado, assim como a vida, não perdoa insensibilidades. A verdade? Como você trata as pessoas define o que você deixa para trás.