Eu conheço o diretor de uma média empresa que acredita que todo plano tem de dar certo. Ele se reúne com seus gerentes a cada ano e gasta um longo tempo traçando estratégias. Juntos, eles celebram a conclusão dessas atividades como a realização de uma façanha. No entanto, assim que colocam em prática, surgem imprevistos e a configuração inicial começa a sair do rumo estabelecido. É então que tem início um jogo de acusações e torturas psicológicas que ele impõe sobre os gerentes como se a causa das avarias fosse a mera falta de compromisso.

Semana passada, eu voava de S. Paulo a Tel Aviv. O meu vizinho de poltrona fez-me uma pergunta que me intrigou. “Responda rápido”, disse ele, “por quanto tempo uma aeronave como esta se mantém no rumo certo?”

Como eu sou totalmente leigo em aviação, respondi: “O tempo todo.”

Então ele apontou para a asa e me disse: “Olhe ali na ponta. Observe aquela superfície de metal móvel que fica na extremidade traseira da asa.”

Eu olhei e facilmente encontrei a peça que recebe o nome de ‘aileron’. Então, ele continuou: “Vê como o aileron não para de funcionar – ora para cima, ora para baixo, depois imóvel. Isso também acontece com o aileron que está na outra asa.”

Foi aí que ele revelou: “Quer saber quanto tempo esta aeronave se mantém no rumo certo? Nunca! E como ela é de última geração, tem um piloto automático que atua o tempo todo para corrigir o desvio entre onde a aeronave está e onde ela deveria estar. O piloto automático é comandado por um computador de bordo que faz a correção de rota através dos ailerons.”

Sensacional. E tem tudo a ver com a vida.

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. | Foto: iStock

Nós precisamos corrigir a rota muitas e muitas vezes em relação aos nossos objetivos, metas e comportamentos. É o que o diretor daquela empresa não faz e necessita aprender para salvação de sua empresa, de seus funcionários e provavelmente de si mesmo – e de sua família. Todavia, como dizem os árabes: “você pode levar os seus camelos a todos os oásis do mundo, mas eles só beberão água se tiverem sede”.

Pois bem. Este é o ponto. Este diretor seriamente afetado por sérios problemas emocionais ainda não tem sede. Temo que quando tiver, todas as fontes hoje disponíveis tenham secado e seja tarde demais.

A lição é: não existe rumo ideal; não existe uma única meta de vida possível; não existe uma estratégia empresarial perfeita e nem um plano de vendas ideal.

Quanto mais complicado o mundo, menos importante será o ponto de partida ou a configuração magistral de qualquer planejamento. Assim, não invista seus recursos no planejamento perfeito. Em vez disso, exercite-se na fabulosa arte da avaliação e correção de rumo, revendo constantemente o que deu e o que não deu certo – em tempo hábil e sem nenhum peso na consciência.