Imagine um consultor tão perspicaz que a Apple pagaria por suas recomendações. Visualize agora um empresário cuja autoconfiança o faz pensar que Warren Buffet deveria ser seu discípulo. Este é o palco de uma das mais curiosas comédias do mundo corporativo atual: um consultor com ideias importantes e práticas – até porque vivencia todo tipo de decisões certas e erradas em uma enorme gama de empresas – em choque com o narcisismo de um empreendedor que acredita ser ‘o perfeito sucesso’.

Por definição, um consultor de empresas competente é alguém que desenha estratégias para revitalizar negócios cambaleantes. Ocorre que alguns dos empresários que o contratam não romperam com o enganoso louvor a sua autoimagem de 'perfeição', mesmo frente à decadência de seus negócios, perda de clientes e lucros minguantes.

- "Mudar? Eu? Sou a excelência personificada!", diz ele de si para si.

Sob tais circunstâncias, as soluções propostas por qualquer consultor do planeta são sementes em solo árido e por isso, nada resolvem.

É óbvio que a plêiade de ‘consultores picaretas’ que se encontra em anúncios do Google não se inclui nesta descrição.

Por outro lado, quando o empresário se faz disposto a assumir a postura de reconhecer que talvez – apenas talvez – não saiba tudo, então a transformação quase sempre acontece.

Consultoria não é mágica. Nas condições favoráveis a uma parceria entre um gestor e um consultor de resultados comprovados, a consultoria é o vigor indispensável para salvar ou, na pior das hipóteses, recolocar a empresa na rota da competitividade.

Para concluir, pense no destino de um paciente que nega e substitui o diagnóstico e tratamento recomendados por um médico-especialista por um chazinho de um curandeiro qualquer. Eis nesta metáfora a razão evidente e indiscutível porque boas consultorias não funcionam em muitas empresas potencialmente recuperáveis.