A tendência que algumas pessoas têm de despejar sobre os outros suas frustrações, dores e fracassos é típica de quem prefere ignorar algumas verdades importantes e realistas da vida. Quando perguntamos "como vai?", alguns veem essa pergunta como uma oportunidade para descarregar todas suas mazelas, transformando uma simples cortesia em um verdadeiro divã improvisado. Em vez de compartilhar suas dificuldades com a intenção de buscar compreensão mútua, essas pessoas parecem, inconscientemente, buscar culpados externos para seus desafios e sonhos não realizados.



A questão que se impõe é: somos culpados pelos erros dos outros, por suas escolhas e pelas consequências que elas trazem? A resposta, direta e inequívoca, é: “não”. Cada indivíduo é responsável por suas decisões e pelos caminhos que escolhe trilhar. Embora o ambiente e as influências externas possam moldar comportamentos e escolhas, a responsabilidade última recai sobre quem decide.



A tentativa de culpar os outros pelos próprios fracassos é um mecanismo de defesa, uma forma de evitar o confronto com a própria responsabilidade e consciência. Por outro lado, aceitar essa culpa alheia seria permitir que os outros definam o nosso valor e o nosso destino. Como seres sociais, é nosso papel oferecer apoio, orientação e compreensão, mas não podemos carregar o peso das escolhas que não fizemos. Isso seria como tentar pilotar o barco dos outros enquanto o nosso fica à deriva.



Não devemos permitir que as projeções dos outros abalem o nosso senso de responsabilidade pessoal. Cada um deve carregar o fardo de suas decisões e aprender com seus próprios erros. E se, ao perguntar "como vai?", você acabar ouvindo mais do que esperava ou coisas que desagradam, lembre-se: a vida é curta demais para ser o terapeuta não remunerado de quem pouco tolera a si mesmo e não deseja mudar. Se tudo falhar, sorria e ofereça um café — ou quem sabe, um bom mapa para ajudar o outro a encontrar o próprio caminho!