Algo curioso tem acontecido nas cidades brasileiras. Uma nova fauna profissional está florescendo entre os bares de esquina e as placas de “aluga-se”: os consultores de porta em porta.

São ex-bancários traumatizados por metas, vendedores afastados por falta de vendas e profissionais que, por algum mistério cósmico, “ainda estavam se encontrando” - até descobrirem sua nova missão: salvar o empresariado nacional com cursos milagrosos e metodologias nunca testadas – nem mesmo por eles.

De terno alugado e pasta executiva na mão, batem na porta do Seu José, dono da loja de parafusos, e anunciam com brilho nos olhos:

- “Sua empresa tem potencial pra crescer 300% em três meses!”

A base científica da análise? Um cadastro comprado ou uma olhada rápida no Google Maps.

Esses novos "gurus" têm uma habilidade notável: diagnosticar problemas que nunca observaram, com soluções tiradas direto do forno do YouTube. Falam sobre “governança corporativa” para empresas que mal têm um caderno de fiado. Prometem “KPIs e escalabilidade” para quem só queria vender mais meia dúzia de peças por semana.

E o mais fascinante: eles acreditam nisso. De verdade. Porque se não conseguiram fazer dar certo na própria vida, talvez consigam terceirizar o sucesso. Ou pelo menos vender a ideia disso.

Moral da história? Em tempos modernos, quem não resolve os próprios pepinos, se reinventa como especialista em descascar o abacaxi dos outros. Mas agora com um folder elegante e o título pomposo de “consultor sênior”. Porque, afinal... embalagem é o novo currículo.

mockup