Eu conversava com o meu filho numa sessão online, quando tocamos numa questão que incomoda a ele e a mim: “acumular ou desdobrar o que aprendemos?”

É antiga a impressão que nós dois temos de que certas pessoas se preocupam demais com o quanto leem, com o nível de graduação ou de pós-graduação que conquistaram. Elas se satisfazem com o quanto conhecem.

Muitas delas, entretanto, não são coerentes com o conhecimento que adquiriram, mostrando-se reprováveis nas situações mais triviais e, em outras, indistintas em relação a qualquer indivíduo desprovido de instrução.

Há uma metáfora interessante que esclarece o verdadeiro significado de aprendizagem para a vida.

Quando você está à mesa do jantar e tem diante de si uma porção de arroz, salada e carne, cada alimento tem sua aparência própria que lhe permite distingui-lo no prato.

Assim que os leva à boca e mastiga, eles começam a se transformar. Já não haverá mais arroz, carne e salada. Eles perdem sua forma visual e passam a ser uma massa. É o início da digestão em que os alimentos passarão a integrar o seu sustento físico.

Da mesma forma, ao ler as palavras de um livro, elas entram pelos seus olhos e vão para o cérebro. Ali elas serão processadas.

A aprendizagem, tal como a digestão, acontecerá somente se estas palavras perderem sua forma e se transformar numa parte do seu ser. Este processo irá incorporar o conhecimento – até então meras palavras – à mente, capacitando-o a pensar de maneira a integrar este conhecimento ao seu comportamento através da prática.

Sem isso, o conhecimento será apenas acumulativo e não produzirá efeito.

Aprender, assim como viver, nada tem de acúmulo, mas tudo a ver com desenvolvimento e desdobramento.