A GERAÇÃO CANGURU
PUBLICAÇÃO
segunda-feira, 24 de maio de 2021
Abraham Shapiro
Sair da casa dos pais, conquistar seu próprio espaço e autonomia, abrir as asas e alçar voo rumo à liberdade e à autorrealização – desejos que seriam naturais de uma pessoa jovem -, vem perdendo força e sendo adiado sem prazo pela “geração canguru”.
Eles são os jovens na faixa etária entre 25 a 40 anos que relutam em sair da casa dos pais, configurando uma situação de eternos adolescentes que parecem não ter interesse em se tornar adultos. O fenômeno já é preocupante e vem aumentando gradativamente.
No Brasil, o comportamento é gerado por vários fatores. Parte desses jovens estão desempregados e sem perspectivas de encontrar trabalho. Muitos já estão formados e com profissão definida. Alguns já têm seu próprio negócio e desfrutam, potencialmente, de independência financeira. Outros estão empregados, mas recebem salários baixos, insuficientes para sua independência. O que quase todos esperam é o “momento oportuno” ou “a pessoa certa” para o casamento e ter, finalmente, sua casa.
Há uma antiga tese de que adultos que vivem com os pais não prosperam. Talvez, seja um tanto radical. Na visão psicológica, no entanto, quando essa relação é prolongada demais, pode se tornar desfavorável a ambas as partes e causar desmotivação, postergação ou paralisação de decisões fundamentais à trajetória existencial das pessoas.
É uma proteção que desprotege, porque todo indivíduo carece de seu momento pessoal de enfrentar e superar seus conflitos, suas privações e as perdas inevitáveis da vida. E, debaixo das asas dos pais, isso poderá tardar demais em acontecer.
Talvez, não estejamos frente a um “conflito de gerações”, mas diante de um conflito “com” as gerações.
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