Você já conheceu alguém que, do dia para a noite, se tornou expert em algum assunto com o qual jamais teve qualquer contato antes? Alguém que, após assistir a algumas palestras, decide que pode conquistar o mundo bastando acrescentar o título de ‘especialista’ embaixo de seu nome em um cartão de visita ou no perfil das redes sociais?

Eu conheci. Vou chamá-la de Maria.

Maria passou a maior parte de sua vida sem se dedicar aos estudos ou à leitura. Aluna medíocre no curso básico, trabalhou desde jovem exclusivamente em atividades manuais em empresas onde investia parte de seu tempo em paquerar clientes ou até os proprietários. Tentou fazer um curso superior à distância. Faltou dedicação. Não colheu frutos.

Depois de mais de duas décadas, em um belo e ensolarado dia, algo incrível aconteceu. Ela frequentou um treinamento de uma ou duas semanas sobre a venda de um produto. Quando concluiu, Maria se autodenominou ‘especialista’.

O dicionário define especialista como alguém que possui conhecimento profundo e habilidades notáveis em um campo específico – o que normalmente se adquire após anos de estudo, experiência e foco concentrado na execução prática. Teria Maria encontrado um atalho mágico para tal conquista?

É ótimo que as pessoas se esforcem para aprender coisas novas e conhecimento relevante. O problema surge quando, após breve encontro com informações superficiais, elas decidem que sabem o suficiente para se apresentar como experts.

Maria não está sozinha nesta peripécia. Muitos acreditam diagnosticar uma doença ou orientar empresários no empreendedorismo após assistir a alguns vídeos no YouTube ou ler artigos de blog.

É certo que Maria pode ter aprendido algumas coisas importantes naquele treinamento. Mas a questão aqui é o imenso salto de novata a ‘especialista’ em tão pouco tempo.

A confiança de Maria é admirável. Mas até que chegue, de fato, ao merecido status de especialista, eu particularmente temo que muitos de seus clientes serão vítimas de sua cara-de-pau. Lamento muito por todos eles – tanto por servirem de cobaias como pelo tempo e dinheiro que perderão.

* A opinião do colunista não reflete, necessariamente, a da Folha de Londrina.