O especialista em segurança Celso Eduardo da Silva, 40, nasceu em Salvador, na Bahia, mas há cerca de quatro anos Londrina passou a ter um lugar especial no coração do soteropolitano, que se mudou para a segunda maior cidade do Paraná por motivos profissionais. Mas foi no município que ele também viu sua vida ser transformada em meio a problemas de saúde, fazendo da perda um recomeço.

No início de 2021 contraiu Covid-19. A doença foi assintomática, mas as consequências permanecem até hoje. Após o período de quarentena, Celso passou a ter dores na região da canela, que se intensificaram com o passar dos dias, quando resolveu procurar atendimento médico na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do jardim Sabará, na zona oeste.

“A médica identificou trombose arterial e me encaminhou para o hospital. Fui submetido a uma cirurgia de desobstrução, que foi bem-sucedida, mas seis horas depois tive que voltar para o centro cirúrgico, porque entupiu o mesmo lugar. Contraí uma bactéria, depois de quatro dias fiz mais uma cirurgia para limpeza”, relembrou.

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'SEMPREVOU ESCOLHER VIVER'

O especialista em segurança foi informado pela equipe médica sobre as opções ainda à disposição no tratamento: medicamentos – correndo o risco de sofrer uma infecção generalizada – ou amputar a perna direita. Ele escolheu a segunda. “Entendo que nossa vida não se resume a um membro. Sempre vou escolher viver, não importam as consequências. Aprendi na minha vida que tudo que Deus faz é bom, independentemente das consequências e mesmo sem entender”, justificou.

Imagem ilustrativa da imagem Soteropolitano de coração londrinense sonha em participar de Paralimpíada
| Foto: Arquivo pessoal

Jogador do time baiano de futebol de areia no passado, encontrou no esporte uma forma de reforçar a importância da vida e entrou para o programa militar paralímpico, na modalidade de tiro desportivo de carabina. “No processo de reabilitação fui para Curitiba e conheci um policial militar, que atua na Região Metropolitana da Capital. Ele passou o contato do responsável pelo programa, comprovaram minha atuação como agente penitenciário na Bahia por mais de cinco anos e entrei para o projeto em dezembro de 2021”. No mesmo ano passou a usar prótese.

PÓDIOS

No ano passado, Celso participou de três competições nacionais e garantiu pódio em todas, na categoria SH2. Foi primeiro na Olímpiada do Exército Bicentenário da Independência, segundo colocado na 1ª Paralimpíada Militar, e novamente conquistou o ouro no Camping Militar Paralímpico. A agenda já está cheia para este início de ano. Tem um novo campeonato do Camping Militar Paralímpico e a disputa para tentar alcançar o índice para integrar a delegação brasileira nos Jogos Parapan-Americanos de Santiago, no Chile.

OBJETIVO

Um dos sonhos é estar numa Paralimpíada. “Minha meta é me doar o máximo e o objetivo é chegar numa competição dessa grandeza. Claro que não será fácil e nem tinha como não ser. Por isso, irei para a luta, para o alto rendimento no tiro esportivo. Quero levar nome da cidade de Londrina para o país e para fora”, destacou. Paralelamente ao esporte ainda tem outra paixão, que é escrever. Tem três obras publicadas e integra várias academias.

ALEGRIA

Recentemente, Eduardo deu aulas em Londrina numa escola de formação de vigilantes e palestrou no curso de novos praças do 30º Batalhão da Polícia Militar. Atualmente tem ficado em Cornélio Procópio (Norte Pioneiro), mas não pretende deixar a cidade do coração para trás, sempre com um olhar de esperança e gratidão.

“Tem um provérbio popular que diz que no fim do túnel existe uma luz. Na verdade, nós somos a luz. Se você apaga sua luz ou permite que se apague o túnel ficará escuro. Não existe combatente que vá para batalha e não traz cicatrizes. Olho para a prótese e me alegro, porque vejo que venci a doença. Existem outras oportunidades e vida não para, independentemente da condição financeira e física”, valorizou.

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