Calçar estudantes que não possuem ao menos um tênis para as aulas de Educação Física nas escolas públicas é o objetivo do projeto Running4Help. Em sua oitava edição, a largada foi dada no dia último dia 20, segue até 31 de janeiro de 2025 e consiste em percorrer quatro quilômetros diários e reverter a rodagem em reais. Assim, cada quilômetro se transforma em R$ 1.

Luciano Pizi e Murilo Silva, idealizadores do projeto, são profissionais de Educação Física e atuam em escolas públicas como professores. "Arrecadamos em média 70 pares de tênis por ano. Assim, ao todo, foram 500 tênis ao longo dos oito anos de campanha. Para este ano, a nossa meta pra esse pra essa temporada é arrecadar o suficiente para poder comprar 100 pares de tênis", explicam.

De acordo com os educadores, as crianças beneficiadas são matriculadas em escolas municipais e estaduais da região de Londrina e Cambé. O grupo formado por professores é responsável também por influenciar mais educadores, pois identificam as crianças nas suas escolas e sabem quais são as mais necessitadas.

"São crianças que realmente precisam de tênis e normalmente vão descalças, usando chinelo ou com um calçado que não é o adequado para a prática de atividade física. Então, é feita uma lista, fazemos a primeira compra em março e a entrega dessas doações. Conforme as necessidades, continuamos comprando ao longo do ano", explica Pizi.

CORRIDA PARA AJUDAR

Os professores destacam que há dois objetivos na campanha. "Incentivar as pessoas a se movimentarem no período de férias, quando tudo dá uma parada, e poder ajudar as crianças que precisam", explicam.

"Não se trata de uma corrida com dia e hora marcados, como muitos atletas estão habituados a participar. Temos um grupo de WhatsApp com mais de 50 professores e, em todas as nossas férias escolares os integrantes correm no lugar onde estão e quanto quiserem. A proposta é que a quilometragem percorrida seja convertida em reais."

Para fazer parte desta ação que integra atividade física e solidariedade, basta estar no grupo do WhatsApp e fazer a atividade física. O grupo acrescenta que a adesão também se dá graças ao popular boca a boca.

"Um amigo vai chamando e a publicação na Folha de Londrina sempre contribui para mais pessoas se interessarem. Enfim, as pessoas ficam sabendo, entram em contato comigo, eu adiciono elas no grupo ou as outras pessoas adicionam mesmo e aí a pessoa já começa a correr e marcar o dia que ela correu", agradecem.

QUATRO QUILÔMETROS POR DIA

Assim, em 31 de janeiro, todos já irão saber o quanto correram, quanto irão doar de dinheiro para o projeto. Exemplo, o interessado estipula a meta de correr 120 quilômetros nesse período. Logo, sua doação será de R$ 120. E a cada dia terá percorrido quatro quilômetros. Porém, a distribuição também fica a critério de cada atleta, de acordo com sua disponibilidade, clima e critérios. Pode percorrer três em um dia e cinco no outro para compensar.

"Há pessoas que correm 50 quilômetros ao longo desses dias, outras mais, outras menos. Ao final, temos uma planilha que acompanha o desenvolvimento do projeto e no final temos todo o controle de quem participou, quanto correu e o valor a ser doado". Cada pessoa doa a quantidade em dinheiro daquilo que ele conseguiu correr", esmiúçam.

A estudante de Direito Rayana Persun é uma das integrantes do projeto Running4Help e considera que o período de recesso de aulas é uma oportunidade para fazer da campanha uma motivação. Tanto para manter as atividades físicas em dia como fazer uma contribuição social. "Pode ser até caminhando e no horário que couber na rotina", afirma. Persun está na campanha desde o segundo ano e considera um compromisso. "Saber que minha disciplina ajuda uma criança tem um significado ainda mais importante", alegra-se.

COMO APOIAR

No ano passado foram 50 participantes. Neste já são 70. “O último levantamento deste ano foi de 21 ao dia 26 e já havíamos percorrido 740 quilômetros. Uma média de 123 km/dia”, comemorou. Quem não pode ou tem restrições a correr ou caminhar também consegue colaborar, sendo um apoiador, com a pessoa dando o valor correspondente ao que um integrante do grupo percorreu.

Graças à parceria de uma loja de calçados que faz a venda praticamente a preço de custo o projeto é viabilizado. Para Silva, os oito anos seguidos de rodagem são contagiantes. "A necessidade das crianças foi o ponto de partida para transformarmos os quilômetros de corrida ou caminhada em recursos para podermos comprar os tênis e calçar os estudantes", conclui.

ENTREGA DISCRETA

A gratidão das famílias é uma evidência e há relatos, de acordo com os professores, de alunos que após receber o tênis, se sentiram confortáveis para ir a um shopping pela primeira vez na vida. "A autoestima vai além das quadras e da escola", expõe Silva.

“Assim que começarem as aulas, por meio dos professores de educação física que conhecemos, será feita a seleção dos alunos que realmente precisam dos tênis. No início do mês de março fazemos a primeira compra e, na sequência, a entrega”, complementa Pizi.

Por mais estranho que isso soe - é uma realidade nas periferias de Londrina. "São crianças que não têm um calçado para fazer a aula de Educação Física e se sentiam envergonhadas para frequentar a aula - e para nós professores é uma situação presente do cotidiano. Graças à adesão e à solidariedade até de quem não pode participar da ação, mas torna-se apoiador, que conseguimos concretizar o projeto", ratificam.

SERVIÇO

@running4help

Para participar do projeto ou ser apoiador, entrar em contato com Luciano Pizi pelo (43) 99920-9646