A auxiliar de cozinha Claudia Lima Olimpio trabalha no centro de Londrina e todos os dias espera o ônibus do transporte coletivo no ponto que fica na avenida Higienópolis, perto do cruzamento com a avenida Juscelino Kubitschek, duas das principais vias da cidade. No lugar, tem que enfrentar a estrutura suja, pichada e com um dos vidros estilhaçados. “Deveriam dar mais atenção para isso. Só arrumam em época de eleição. Não se importam com o trabalhador que depende desse ponto”, reclamou.

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Assim como a estrutura da Higienópolis, a grande maioria dos 93 abrigos do modelo Superbus está vandalizada e sem nenhum tipo de manutenção, o que se torna um problema para os passageiros. Em muitos pontos, os vidros que deveriam proteger contra a chuva foram arrancados. Além disso, apresentam ferrugem e diversos rabiscos. “O pessoal paga pelo ônibus e tem uma estrutura como essa, feia. O povo não merece, é falta de respeito”, desabafou o aposentado João Ramos Lourenço.

Os abrigos para o projeto Superbus foram implantados em 2017 pela Prefeitura de Londrina com a promessa de deixar os locais de embarque e desembarque dos coletivos mais modernos, confortáveis e acessíveis. Estes pontos foram colocados, principalmente, na área central, zona sul e nas avenidas mais movimentadas das regiões leste e norte. Desde então, a ideia de colocar sistema inteligente de operação, com painéis eletrônicos, nunca saiu do papel.

Ponto em frente à prefeitura: sem vidro, enferrujado e fiação elétrica furtada
Ponto em frente à prefeitura: sem vidro, enferrujado e fiação elétrica furtada | Foto: Pedro Marconi

Na avenida Duque de Caxias, por exemplo, nem a estrutura que fica em frente aos prédios do Executivo e do Legislativo escapou da ação de vândalos e da falta de cuidado do próprio poder público. Uma parte do vidro que deveria resguardar da chuva já não existe mais, a fiação para iluminar foi furtada e até vegetação está crescendo em cima do teto. “Se está desse jeito, é porque alguém veio destruir. Mas é de responsabilidade da prefeitura arrumar e tentar manter um lugar digno. Uma cidade desse tamanho ter pontos iguais a esse é uma vergonha”, desabafou a auxiliar de escritório Daniele Dias.

PONTOS PALITO

Este não é o único problema para quem depende do transporte público no município. Dos 2.604 pontos de ônibus instalados, 203 ainda são do tipo palito, ou seja, sem nenhum tipo de proteção ou cobertura. No jardim Chamonix, na zona leste, os moradores afirmaram que já ligaram na CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização) pedindo a colocação de um ponto coberto na rua Sargento José Beleti.

“Há muito tempo estamos aguardando colocarem, pedimos duas vezes e até agora nada. Estamos cansados de ver as pessoas tomando chuva e quando é tempo quente ficar embaixo do sol. É um descaso, porque tem lugar com ponto com cobertura e ninguém usa”, relatou o aposentado Valdir Lima, que mora na localidade há cerca de oito anos.

Moradores reclamam de ponto palito na zona leste
Moradores reclamam de ponto palito na zona leste | Foto: Pedro Marconi

Muitos moradores preferem andar algumas quadras a mais e ficar num ponto coberto do que esperar ao lado do tipo palito. “É muito escaldante o sol, então, vamos no ponto que fica em frente a um supermercado, que é longinho. Lá tem um banco para sentar, eu mesma tenho problema no joelho. Ficamos com o sentimento de descaso, já reivindicamos e não dão um respaldo. Gostaríamos de ter um conforto”, pontuou a dona de casa Marina Pereira da Silva.

O QUE DIZ A CMTU

A CMTU informou – por meio de resposta via Lei de Acesso à Informação, após questionamento da reportagem – que os pontos sem cobertura são frequentemente substituídos por cobertos. No entanto, a companhia ponderou que por razões técnicas, como calçadas estreitas, e pela instalação provisória de novos itinerários há a necessidade de utilizar os pontos tipo palito.

Em relação à manutenção, o órgão garantiu que possui uma equipe operacional para fazer a manutenção dos pontos de ônibus padrão. Já os do modelo Superbus, a secretaria municipal de Obras e Pavimentação está elaborando um projeto para manutenção.

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