O fechamento do Hospital São Camilo, no fim de semana, deixou um “vácuo” no atendimento em Jataizinho (Região Metropolitana de Londrina). A prefeitura sustenta que a liminar expedida pela Justiça, ajuizada pelo MP-PR (Ministério Público), determinava que a entidade deveria permanecer acolhendo os pacientes até o município organizar a rede, o que, de acordo com o poder público, não foi cumprido. Já a instituição alega que o prazo venceu no último domingo (13), data que completou dois meses desde que a 17ª Regional de Saúde foi comunicada sobre o encerramento das atividades.

O município firmou um contrato com o Cismepar,  o que deverá garantir a retaguarda de plantonistas durante todo o dia na UBS
O município firmou um contrato com o Cismepar, o que deverá garantir a retaguarda de plantonistas durante todo o dia na UBS | Foto: Gustavo Carneiro - Grupo Folha

Diante deste impasse, a unidade central, direcionada para absorver os atendimentos, ainda não está totalmente preparada. A prefeitura informou que “está trabalhando no local com suporte de enfermagem 24 horas desde 1º de junho, com duas ambulâncias de retaguarda para atender a população, cumprindo com o seu dever e com o que foi apresentado no plano de contingência municipal.” Entretanto, a escala de médicos não está inteira para que o profissional esteja à disposição 24 horas no prédio.

O município firmou um contrato com o Cismepar (Consórcio Intermunicipal de Saúde do Médio Paranapanema), o que deverá garantir a retaguarda de plantonistas durante todo o dia. “Estamos montando uma sala de estabilização e comprando, alugando e emprestando equipamentos. Temos plantonista durante a noite, porém, alguns dias existem ‘buracos’. Esperamos estar com todos os horários preenchidos em julho”, projetou Wilson Fernandes, prefeito de Jataizinho. A sala deverá contar com aparelhos como respirador e desfibrilador portátil, bomba de fusão e monitor.

O chefe do Executivo municipal frisou que, apesar da ausência de médicos em determinados períodos, a equipe com motoristas para as duas ambulâncias, enfermeiros e técnicos em enfermagem permanece na unidade todo instante. “Nunca quis que o hospital fechasse e não estamos devendo um centavo”, disse. Em entrevista à FOLHA nesta semana, o advogado do hospital São Camilo, Jadson Molina, afirmou que a instituição não cometeu irregularidade ao fechar e que “sem os repasses das verbas públicas não há mais como bancar os custos para ficar aberto.”

Fechamento do hospital no domingo deixou parte da população preocupada
Fechamento do hospital no domingo deixou parte da população preocupada | Foto: Gustavo Carneiro - Grupo Folha

PREOCUPAÇÃO

O aviso colocado na porta da instituição divulgando o término dos serviços deixou parte dos jatainhenses preocupados. Mãe de duas crianças pequenas, de cinco e seis anos, a auxiliar de produção Maria de Lourdes Santos relatou que em caso de emergência terá que procurar atendimento em Ibiporã. “Já era ruim com o hospital aqui, fechado é muito pior. Não informaram onde vai ter que buscar ajuda e não tenho condição de ficar indo para Ibiporã”, reclamou.

O mesmo caminho para conseguir ser socorrido é apontado pela doméstica Maria Aparecida Silva. “Tem que ir na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) de Ibiporã, porque lá tem raio-x e mais equipamentos. Mas quem não tiver carro, terá que ter dinheiro para pagar motorista de aplicativo. Pegou de surpresa esse fechamento. A cidade tinha tudo e agora não tem mais nada”, opinou. “Por mais que o hospital fosse básico, é preocupante a cidade não ter mais essa estrutura e ainda mais pronto-socorro", lamentou o agricultor aposentado João Batista Moreira.

BOLETIM DE OCORRÊNCIA

O departamento de Saúde de Jataizinho enviou um ofício ao MP-PR comunicando sobre o fechamento. A pasta também registrou boletim de ocorrência. A prefeitura destacou que a unidade central tem atendimento com médico da 7h às 19h, de segunda a sexta-feira, e nos demais postos de saúde das 7h às 17h, durante a semana.

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