Sem hospital, Jataizinho ainda não tem estrutura completa para atendimento
Prefeitura tenta fechar escala de médicos plantonistas e busca estruturar o centro de saúde para absorver demanda
PUBLICAÇÃO
segunda-feira, 14 de junho de 2021
Prefeitura tenta fechar escala de médicos plantonistas e busca estruturar o centro de saúde para absorver demanda
Pedro Marconi - Grupo Folha
O fechamento do Hospital São Camilo, no fim de semana, deixou um “vácuo” no atendimento em Jataizinho (Região Metropolitana de Londrina). A prefeitura sustenta que a liminar expedida pela Justiça, ajuizada pelo MP-PR (Ministério Público), determinava que a entidade deveria permanecer acolhendo os pacientes até o município organizar a rede, o que, de acordo com o poder público, não foi cumprido. Já a instituição alega que o prazo venceu no último domingo (13), data que completou dois meses desde que a 17ª Regional de Saúde foi comunicada sobre o encerramento das atividades.

Diante deste impasse, a unidade central, direcionada para absorver os atendimentos, ainda não está totalmente preparada. A prefeitura informou que “está trabalhando no local com suporte de enfermagem 24 horas desde 1º de junho, com duas ambulâncias de retaguarda para atender a população, cumprindo com o seu dever e com o que foi apresentado no plano de contingência municipal.” Entretanto, a escala de médicos não está inteira para que o profissional esteja à disposição 24 horas no prédio.
O município firmou um contrato com o Cismepar (Consórcio Intermunicipal de Saúde do Médio Paranapanema), o que deverá garantir a retaguarda de plantonistas durante todo o dia. “Estamos montando uma sala de estabilização e comprando, alugando e emprestando equipamentos. Temos plantonista durante a noite, porém, alguns dias existem ‘buracos’. Esperamos estar com todos os horários preenchidos em julho”, projetou Wilson Fernandes, prefeito de Jataizinho. A sala deverá contar com aparelhos como respirador e desfibrilador portátil, bomba de fusão e monitor.
O chefe do Executivo municipal frisou que, apesar da ausência de médicos em determinados períodos, a equipe com motoristas para as duas ambulâncias, enfermeiros e técnicos em enfermagem permanece na unidade todo instante. “Nunca quis que o hospital fechasse e não estamos devendo um centavo”, disse. Em entrevista à FOLHA nesta semana, o advogado do hospital São Camilo, Jadson Molina, afirmou que a instituição não cometeu irregularidade ao fechar e que “sem os repasses das verbas públicas não há mais como bancar os custos para ficar aberto.”

PREOCUPAÇÃO
O aviso colocado na porta da instituição divulgando o término dos serviços deixou parte dos jatainhenses preocupados. Mãe de duas crianças pequenas, de cinco e seis anos, a auxiliar de produção Maria de Lourdes Santos relatou que em caso de emergência terá que procurar atendimento em Ibiporã. “Já era ruim com o hospital aqui, fechado é muito pior. Não informaram onde vai ter que buscar ajuda e não tenho condição de ficar indo para Ibiporã”, reclamou.
O mesmo caminho para conseguir ser socorrido é apontado pela doméstica Maria Aparecida Silva. “Tem que ir na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) de Ibiporã, porque lá tem raio-x e mais equipamentos. Mas quem não tiver carro, terá que ter dinheiro para pagar motorista de aplicativo. Pegou de surpresa esse fechamento. A cidade tinha tudo e agora não tem mais nada”, opinou. “Por mais que o hospital fosse básico, é preocupante a cidade não ter mais essa estrutura e ainda mais pronto-socorro", lamentou o agricultor aposentado João Batista Moreira.
BOLETIM DE OCORRÊNCIA
O departamento de Saúde de Jataizinho enviou um ofício ao MP-PR comunicando sobre o fechamento. A pasta também registrou boletim de ocorrência. A prefeitura destacou que a unidade central tem atendimento com médico da 7h às 19h, de segunda a sexta-feira, e nos demais postos de saúde das 7h às 17h, durante a semana.
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