Imagem ilustrativa da imagem Santo Antônio do Paraíso não registra morte por Covid-19
| Foto: Pedro Marconi - Grupo Folha

Santo Antônio do Paraíso – O vai e vem de carros e pessoas é tímido, impondo um silêncio e movimento raros de se encontrar em pleno centro da cidade, o que se repete por outras localidades. O único barulho que “corta” essa calmaria é do aparelho de som de uma loja no ritmo da “pisadinha”. Com população estimada em cerca de 2.100 habitantes, Santo Antônio do Paraíso (Norte Pioneiro) carrega um feito restrito apenas a outra cidade do total de 399 do Paraná. O pequeno município não registrou morte por Covid-19, um ano e dois meses depois do primeiro caso da doença ser confirmado em solo paranaense. O segundo município sem óbitos é Boa Esperança do Iguaçu (Oeste), de acordo com boletim divulgado nesta terça-feira (11) pela Sesa (Secretaria do Estado da Saúde).

“É uma bênção, parece que o vírus está mais fraco aqui. Onde trabalho todos respeitam (as medidas sanitárias), mas nos bares não são todos que seguem as regras”, avaliou o frentista Jorge Souza, de Santo Antônio do Paraíso.

Vivendo sozinha e o com o local de trabalho a menos de dez metros de distância, a cuidadora de idosos Marilena Alves também celebra o fato de nenhum morador ter perdido a vida para o coronavírus. “Graças a Deus estamos assim. Morar sozinha é um tédio, mas fazer o que?. Só saio para comprar alguma coisa”, relatou ela, que está com a irmã positivada com o vírus. “Faz oito dias que ela foi confirmada. Está em casa, isolada, só com tosse. Temos nos falado por ‘zap”, comentou, se referindo ao WhatsApp.

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IDENTIFICAÇÃO PRECOCE

Para a secretária municipal de Saúde, Viviane Mara Rosa Souza, o segredo está na identificação precoce dos casos. “Qualquer sintoma orientamos a pessoa a procurar a unidade de saúde, como a garganta ‘arranhando’ e tosse, porque não tem mais gripe, é Covid. O médico faz avaliação, passa os remédios e assim evita que o pulmão chegue a ficar comprometido. O município fornece exames de sangue e tomografia de forma imediata para ter o diagnóstico correto”, explicou.

A UBS (Unidade Básica de Saúde) que fica na entrada funciona 24 horas por dia com médico e equipe de enfermagem, sendo referência para as pessoas com suspeita ou confirmação da doença. Segundo a secretária, entre os medicamentos receitados aos pacientes, de forma consensual, então antibióticos, zinco e vitamina C. Já a cloroquina, por exemplo, que não tem eficácia comprovada, depende da postura do profissional. “É o médico de plantão que vai decidir. Cada um tem sua conduta e não temos como entrar na conduta do médico.”

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CARRO DE SOM

Outra estratégia é o monitoramento diário dos positivados, familiares e contatos próximos, para saber a evolução dos sintomas. Quando a pessoa piora, demandando de internamento, é encaminhada para hospitais da região. Além disso, um carro de som passa nas ruas reforçando os cuidados básicos e a necessidade do isolamento social.

ALERTA

Apesar de não ter óbito pela Covid-19, a cidade está em estado de alerta. A quantidade de contaminados disparou nos últimos 15 dias, com uma explosão de confirmações na semana passada. Nesta segunda-feira (10) estavam ativos 32 casos, o maior desde o início da pandemia. A média vinha se mantendo entre nove a 11 pessoas com a doença ao mesmo tempo. Quatro moradores estão internados, sem intubação, mas utilizando máscara de oxigênio. Ao todo são 186 casos confirmados, com 154 curados. Outros 79 estão em investigação.

Na tentativa de frear a propagação da doença, a prefeitura publicou um novo decreto, na sexta-feira (7), com medidas de restrição. Foi instituído toque de recolher a partir das 20h, o comércio pode funcionar das 8h às 18h com limitação no número de pessoas, restaurantes e lanchonetes estão liberados no domingo apenas para delivery, foi proibido o consumo de bebidas alcoólicas em vias públicas e as áreas de lazer foram interditadas. A fiscalização é da Vigilância Sanitária e, se preciso, é chamada a PM (Polícia Militar).

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“Tem época em que a população é bem companheira, mas tem época em que há resistência. Neste momento que estamos passando acredito que temos uma resistência das medidas orientadas pela secretaria de Saúde e vigilância. Todos estão cansados, desgastados, mas não podemos pensar assim, temos que ser conscientes. Em cidade pequena o contato é grande, todos mundo conhece todo mundo. Qualquer vacilada que der o número aumenta muito”, destacou Viviane Souza.

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PREOCUPAÇÃO

A disparada tem preocupado a população, que também está em alerta. “Conheço bastante gente que já pegou ou está com a doença. Até o prefeito pegou”, afirmou o funcionário público Nilton Roberto. Recentemente, o chefe do Executivo municipal, Devanir Martinelli, foi diagnosticado com a doença, entretanto, cumpriu isolamento domiciliar e já está recuperado.

Vacinada com a primeira dose da vacina da Oxford/AstraZeneca, em 19 de abril, a trabalhadora rural aposentada Maria José Mendes da Silva espera que a imunização chegue para todos o quanto antes. “Não vejo a hora de receber a segunda dose. Estou obedecendo as medidas para me prevenir, mas subiu bastante os casos, fiquei impressionada. Minha vizinha está isolada junto com a família inteira com coronavírus”, afirmou a idosa de 65 anos, que também faz tratamento oncológico em Londrina.

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Santo Antônio do Paraíso já vacinou mais de 500 idosos, diretamente nas casas, e agora se prepara para aplicar as doses na população com comorbidades, grávidas e puérperas. “Esperamos continuar sem mortes. Pedimos para a população só sair de casa quando necessário, para trabalhar, fazer as compras. Que tenham o mínimo de contato possível, até mesmo com parentes, e não façam festa e nem aglomeração”, ressaltou a secretária de Saúde.

(Atualizada no dia 11, às 17h30)

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