Diarista e manicure, Iraci Marques Silva Santos está há meses sem conseguir trabalhar. Consequência da Covid-19, que a debilitou com sequelas que permanecem até hoje. “Fiquei com 25% do pulmão comprometido; em outubro, passei uma noite internada no hospital e mesmo depois da quarentena continuei com fraqueza no corpo, falta de ar. Para caminhar incomoda. Já tenho outros problemas de saúde e desde que fui diagnosticada com o coronavírus não consegui me restabelecer totalmente”, relatou.

Iraci Santos frequenta a academia duas vezes por semana: "O cansaço e a falta de ar vêm diminuindo"
Iraci Santos frequenta a academia duas vezes por semana: "O cansaço e a falta de ar vêm diminuindo" | Foto: Gustavo Carneiro - Grupo Folha

Moradora de Rolândia (Região Metropolitana de Londrina), ela faz parte do projeto “Academias Solidárias”, que começou no final de junho. Por meio da iniciativa, lançada pelo poder público municipal, as 13 academias particulares da cidade estão atendendo gratuitamente pacientes de baixa renda que precisam de reabilitação em razão de sintomas persistentes após a infecção pelo vírus Sars-CoV-2.

Segundo o secretário municipal de Esportes, Victor Hugo Pascolatti, a ideia inicial era desenvolver um trabalho de responsabilidade com a iniciativa privada voltado para idosos e crianças. No entanto, a proposta foi adaptada com a pandemia. “Fizemos parceria com a Assistência Social e Saúde para as pessoas que precisam de fortalecimento muscular possam ter acesso à academia e acompanhadas por especialistas”, explicou.

CRUZAMENTO DE DADOS

As secretarias cruzam os dados referentes aos mais de cinco mil habitantes que se curaram e que apresentam sequela com aqueles que estão inscritos no CadÚnico (Cadastro Único da Assistência Social), com a pessoa sendo contemplada de maneira automática. Seis pacientes já estão frequentando as academias e o número deverá aumentar nos próximos dias, já que precisa de indicação médica liberando a prática de atividade física.

“A única condição é que a pessoa vá de manhã ou de tarde, que são períodos em que as academias têm mais disponibilidade. Assim que aparecem novos casos a Saúde vai encaminhando e fazemos todo o processo, inclusive indo na casa explicar. De acordo com o local que a pessoa mora, vemos a academia mais próxima. Vemos que quem necessita desses atendimentos, muitas vezes, não são idosos, mas pessoas na faixa etária dos 30, 40 anos”, comentou.

LEIA TAMBÉM:

- Ambulatório de fisioterapia pós-Covid abre as portas em Londrina

- Atividade física pode potencializar eficácia das vacinas

RETOMADA DA ROTINA

Educador físico e dono de academia, José Evangelista Alves afirmou que a partir da limitação que o paciente apresenta, é buscada a recuperação na parte funcional para que possa voltar a realizar as atividades do dia a dia normalmente. “Trabalho na área da saúde e sei o quanto é importante a atividade física. A capacidade cardiomuscular e pulmonar é o que vai ajudar na recuperação. Todo o trabalho mostra a importância da atividade física na vida das pessoas”, elencou.

No caso da dona Iraci Santos, que está indo treinar duas vezes por semana, os resultados já têm aparecido. “O cansaço e a falta de ar vêm diminuindo. Acredito que indo na academia e tomando os remédios certinho vou ficar 100% logo. Tenho feito trabalhos de peitoral, nas pernas e braços. O projeto me deu esperança de ficar melhor novamente”, agradeceu.

COOPERAÇÃO COM UNIVERSIDADE

O município também firmou uma cooperação com uma universidade particular de Londrina, que vai ceder estagiários que estarão junto com os pacientes, como uma espécie de personal. “Nessa parceria será feita avaliação e periodicamente vamos levar as pessoas até a Unopar para controle, saber qual foi o ganho. Não existe prazo definido (para frequentar a academia), é até a pessoa se recuperar”, destacou Victor Pascolatti.

Futuramente, no pós-pandemia, a proposta é retomar com a concepção inicial e continuar com o “Academias Solidárias” com crianças e idosos com dificuldades motoras e que estão na fila do SUS (Sistema Único de Saúde).

Receba nossas notícias direto no seu celular! Envie também suas fotos para a seção 'A cidade fala'. Adicione o WhatsApp da FOLHA por meio do número (43) 99869-0068 ou pelo link wa.me/message/6WMTNSJARGMLL1.