Imagem ilustrativa da imagem Ambulatório de fisioterapia pós-Covid abre as portas em Londrina
| Foto: Micaela Orikasa/Grupo Folha

O ambulatório de fisioterapia para sequelas pós-Covid abriu as portas nesta segunda-feira (17), em Londrina. O serviço funciona no prédio da Policlínica (região central) e atenderá pacientes encaminhados pelas UBSs (Unidades Básicas de Saúde), com sequelas graves e moderadas. Neste primeiro dia de atendimento, cinco pacientes estavam agendados. Um deles é o Anderson Robert Ferrara, 47. Ele teve Covid em janeiro, não chegou a ser internado, mas desde então é acompanhado quase que diariamente na UBS Guanabara (zona sul).

“Estou sofrendo muito com as sequelas. Eu tinha uma vida ativa, sem problemas de saúde, mas agora não consigo pegar objetos no chão, me sinto cansado ao andar do quarto para a cozinha, não consigo estender roupas e para descer o meio-fio, tenho que fazer um movimento lateral porque a fraqueza muscular é muito grande”, conta Ferrara.

A instabilidade das pernas é a maior queixa do administrador autônomo, porém, ele descreve outras alterações após a infecção. “Tenho apneia do sono grave e estou dormindo com aparelhos. Também estou com dificuldades de concentração e memória. Por tudo isso, só de estar aqui hoje, sabendo que elas (fisioterapeutas) poderão me ajudar, já me traz uma sensação de alívio. Essa iniciativa é primordial”, afirma. A fisioterapeuta Carolina Kruleske da Silva comenta que no caso de Ferrara o objetivo inicial é fazer exercícios de fortalecimento para que ele consiga realizar as tarefas diárias com mais facilidade.

Anderson Ferrara é um dos primeiros pacientes atendidos: "Eu tinha uma vida ativa, sem problemas de saúde, mas agora não consigo pegar objetos no chão"
Anderson Ferrara é um dos primeiros pacientes atendidos: "Eu tinha uma vida ativa, sem problemas de saúde, mas agora não consigo pegar objetos no chão" | Foto: Micaela Orikasa/Grupo Folha

COMPROMETIMENTO RESPIRATÓRIO

O espaço tem capacidade para atender 20 pacientes por dia, que serão avaliados e acompanhados semanalmente por uma equipe de fisioterapeutas. “No primeiro momento vamos avaliar o grau de comprometimento respiratório, neurológico e motor. A ideia é promovermos a independência e autonomia para os pacientes, mas também trabalharmos com educação em saúde e cuidados de prevenção”, diz a fisioterapeuta Kátia Santos de Oliveira.

O secretário municipal de Saúde, Felippe Machado, diz que o Serviço Especializado de Fisioterapia foi implantado devido ao número crescente de pessoas que buscam as UBSs para reabilitação da síndrome pós-Covid. “Após remissão do vírus SARS-COV2, muitos pacientes podem apresentar sintomas persistentes, incluindo no sistema respiratório, neurológico, locomotor, etc., podendo levar a limitação funcional, comprometendo a autonomia e independência para realização de atividades da vida diária. Por isso, muitas vezes, estes pacientes necessitam de um tratamento pós-Covid”, detalhou.

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| Foto: Vivian Honorato/N.Com

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SINAIS

Pacientes recuperados da Covid podem apresentar diferentes sequelas. De acordo com a equipe profissional alguns sinais observados nas tarefas diárias, como cansaço para falar, dificuldade para carregar sacolas ou para caminhadas curtas, podem demandar um acompanhamento fisioterápico.

“Também pode haver dores musculares e articulares, com perda de força, tonturas e crises de ansiedade e de pânico, que são muito comuns. Trabalhamos em rede para que os pacientes tenham um suporte multiprofissional. Quando detectamos essas demandas específicas, fazemos os encaminhamentos para a nutrição ou psicologia, por exemplo”, diz a fisioterapeuta Kátia Santos de Oliveira, acrescentando que a média de pacientes com sequelas graves é de aproximadamente 6% de todos os casos positivos.

PESQUISA DA UEL

A UEL (Universidade Estadual de Londrina), em parceria com a secretaria municipal de Saúde, vem conduzindo uma pesquisa inédita desde outubro de 2020 para avaliar a qualidade de vida de pacientes que tiveram Covid-19 e possíveis sequelas. A pesquisa integra o Projeto PAPCov, coordenado pela docente do curso de fisioterapia da UEL, Celita Salmaso Trelha, e executado com a participação de outros professores e estudantes do CCS (Centro de Ciências da Saúde).

Os dados parciais apontam que dos 446 participantes, 61,2% apresentaram algum tipo de sintoma persistente, especialmente a fadiga (24,4%); perda de olfato (21,3%); dor de cabeça (16,4%), dores no corpo (13,7%); falta de ar (8,5%).

CUIDADOS DIÁRIOS

A equipe de fisioterapia destaca que os pacientes que se recuperaram da Covid precisam tomar alguns cuidados diários importantes, como manter uma boa hidratação, especialmente com a chegada do frio, dormir bem, seguir adotando as medidas de prevenção, manter os ambientes ventilados e procurar ter autonomia. “O que vai ajudar muito na recuperação é a pessoa ser o mais independente possível, mas é importante lembrar que a retomada de atividades físicas deve ser gradativa e após avaliação profissional”, orienta Oliveira.

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| Foto: Folha Arte

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