A Prefeitura de Londrina estuda a possibilidade de realocar os estabelecimentos de comércio de peças usadas de veículos, os ferros-velhos, para uma área pública. A ideia é do prefeito Marcelo Belinati, que determinou a criação de um grupo de trabalho para avaliar e avançar na proposta. A equipe conta com membros do Ippul (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina), Codel (Instituto de Desenvolvimento de Londrina) e das secretarias de Fazenda e de Gestão Pública.

Em reunião realizada no final de março houve algumas deliberações. A proposta inicial é encontrar um local no perímetro urbano da cidade, dentro ou próximo de zona industrial, para executar uma espécie de loteamento especial para os estabelecimentos. Entre as sugestões, debatidas no encontro e as quais a reportagem teve acesso, estão a venda subsidiada e facilitada de lotes na área pública selecionada; isenção de impostos municipais e facilitação para obtenção de financiamentos para compra e construção.

Para que a proposta se torne realidade, o poder Executivo terá que enviar um projeto de lei à Câmara de Vereadores. A confecção da minuta do projeto ficou a cargo do Ippul. Já a secretaria municipal de Gestão de Pública assumiu a responsabilidade de verificar os mapas de áreas públicas disponíveis, com respectivos zoneamentos, enquanto que a Fazenda está fazendo um relatório dos estabelecimentos existentes.

Dado obtido pela FOLHA, por meio da Lei de Acesso à Informação, mostra que até o ano passado Londrina tinha 87 ferros-velhos cadastrados, sendo 85 de varejo de peças e acessórios usados para carros e dois para motocicletas. A maior parte destes comércios está concentrada nas avenidas Dez de Dezembro e Brasília, área central. Uma nova reunião do grupo de trabalho está prevista para esta quinta-feira (7).

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A reportagem apurou que a intenção da prefeitura não é obrigar os empresários saírem de onde estão atualmente e que também deverá buscar áreas bem localizadas e com fácil acesso, para evitar insatisfação da categoria. O planejamento inclui chamar os donos de ferros-velhos para reuniões. Segundo a legislação, estes estabelecimentos só podem funcionar em lugares com classificação de zoneamento industrial 2, 3 e 4.

OPINIÃO

No ramo há cerca de 35 anos, José Carlos Messas afirmou que a discussão sobre a realocação é antiga. “Temos liberdade de comércio e podemos abrir onde quisermos (respeitando o zoneamento). Se tiver (o condomínio) vou atrás, mas será interessante se o terreno for para comprar, se tiver subsídio. A pessoa não vai sair de um ponto alugado para outro em que vai pagar aluguel, ainda mais na crise em que estamos”, opinou o empresário, que tem um ferro-velho na avenida Dez de Dezembro, em terreno próprio.

Integrante da associação da categoria, Mario Sergio Cotarelli destacou que o tema precisa ser debatido com os empresários para que haja consenso quanto à forma de a iniciativa ser “tirada do papel”. “Quando foi falada dessa situação na época que estavam construindo o shopping (na avenida Theodoro Victorelli), já dissemos que éramos favoráveis. Mas tem que conversar com o pessoal, ver a opinião de todos, seria o mais correto”, avaliou.

INFRAESTRUTURA

Um outro empresário, que está instalado na cidade há mais de duas décadas e pediu para não ter nome divulgado, frisou que a área, caso o projeto prossiga, deve oferecer infraestrutura para ser atraente. “Grande parte dos comércios é credenciada junto ao Detran (Departamento de Trânsito do Paraná). Para funcionar precisa estar numa área coberta, com espaço para descontaminação (do veículo), local para depositar resíduos. É necessária uma estrutura adequada para a atividade, não basta tirar e levar para um lugar aberto”, elencou.

Em nota, via Núcleo de Comunicação, a prefeitura disse que o “grupo de estudo trabalha uma ideia que será apresentada para o prefeito” e que após Belinati validar “passa a ser uma proposta real”. Neste momento não deverão ser concedidas entrevistas. O município não esclareceu qual o objetivo com a iniciativa. (Colaborou Rafael Machado)

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