Espaço foi oficialmente inaugurado pela prefeitura no início de abril
Espaço foi oficialmente inaugurado pela prefeitura no início de abril | Foto: Pedro Marconi - Grupo Folha

Oficialmente inaugurado no início deste mês, o parque infantil adaptado da praça Nishinomiya, em frente ao aeroporto Governador José Richa, na zona leste de Londrina, já apresenta avarias. Pais de crianças com deficiência e a prefeitura apontam que os problemas são ocasionados pelo mau uso de meninos e meninas sem limitação, o que está gerando sobrepeso nos equipamentos.

O carrossel inclusivo, por exemplo, tombou em um dos lados e a base rachou em duas extremidades. Já a gangorra, que é de ferro, quebrou em vários pontos. Mãe de Sofia, de cinco anos, a autônoma Cássia Lopes dos Santos conta que já passou por inúmeras situações de constrangimento e desrespeito ao levar a filha ao espaço de lazer. A menina nasceu com hidrocefalia e depende da cadeira de rodas para locomoção.

“Quando chegamos aqui, tentamos explicar para as crianças, mas elas ignoram. Quando são pré-adolescentes riem da nossa cara. Pais e mães fingem que os filhos não são deles ou tiram de perto e depois retornam. Eu e meu marido quase causamos confusão ao tentar explicar que é um parque para crianças com deficiência”, elencou.

Há três meses em Londrina, após mudar-se de Maceió, capital de Alagoas, o barbeiro José Antônio Melo de Oliveira viveu um misto de alegria e decepção. O filho dele, Pedro, de 11 anos, nunca tinha brincado em um parquinho inclusivo. “Vim na sexta-feira, pela manhã, brinquei com meu filho. Mandei fotos para o pessoal da minha cidade, profissionais de saúde, e ficaram felizes pelo meu filho estar se adaptando aqui. Domingo a tarde trouxemos ele novamente, só que estava acontecendo uso indevido”, lamentou.

Cássia e a pequena Sofia, 5, já vivenciaram situações de constrangimento: 'ignoram'
Cássia e a pequena Sofia, 5, já vivenciaram situações de constrangimento: 'ignoram' | Foto: Pedro Marconi - Grupo Folha

CONSERTO

O espaço tem ficado lotado e com maior incidência de utilização errada aos finais da tarde e fins de semana, o que foi constado pela reportagem em vários dias seguidos. O município, por meio da FEL (Fundação de Esportes de Londrina), promoveu reparos emergenciais, no entanto, os estragos continuam aparecendo. “Lamentável sabermos que não estão respeitando. Recebemos denúncia, vídeo mostrando sete crianças em cima do carrossel, cinco no balanço”, relatou Marcelo Oguido, presidente do órgão.

Londrina conta com três parques inclusivos. Os outros dois ficam no aterro do Lago Igapó (zona sul) e no conjunto José Giordano (zona norte). As estruturas contam com ainda com atividades para neurotípicos, como os autistas. Na praça Nishinomiya, os brinquedos adaptados ficam em frente a um outro parquinho, esse sim destinado para crianças sem limitação. Uma placa com letras garrafais destaca que o local é exclusivo para pessoas com deficiência, o que não tem sido suficiente. Uma frase reforça a ideia com a instalação dos equipamentos: “falta de respeito ainda é uma limitação do ser humano”.

APELO

Para as famílias das crianças especiais, a esperança é que os demais pais se conscientizem e repassem isso para os filhos. “Que observem o uso dos aparelhos, para que os filhos não usem essa ala. Cada aparelho tem um limite de peso, foi projetado para atender necessidades das crianças especiais”, lembrou José Antônio. “É mais simples conscientizar uma criança agora, para que no futuro seja diferente. Ficamos tristes, porque sabemos que é difícil ter um filho especial. Ninguém quer seu filho na cadeira de rodas ou numa cama, porém, não respeitam”, desabafou Santos.

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