Imagem ilustrativa da imagem Jornalista de Londrina cria grupo para ajudar quem tem boletos em atraso
| Foto: Gustavo Carneiro - Grupo Folha

A pandemia do novo coronavírus agravou a situação econômica de muitas famílias e manter as contas em dia tem ficado cada vez mais difícil. Para ajudar quem passa por um momento de aperto financeiro a quitar os boletos, o jornalista Vitor Ogawa, repórter da FOLHA, criou um grupo nas redes sociais que tem como objetivo encontrar pessoas que se disponham a pagar para desconhecidos as faturas em atraso.

O grupo Paga esse pra mim?, uma conta privada no Facebook, é recente, tem cerca de 15 dias, mas em pouco tempo conseguiu aproximar pessoas que atravessam uma situação financeira delicada de outras dispostas a ajudar.

A empreendedora Bartira Betini mora em São Paulo e soube da iniciativa por meio de um grupo de WhatsApp. Achou a ideia “excelente”. “Desde o início da pandemia tenho ajudado algumas ações sociais e essa, achei incrível”, comentou.

Betini se comoveu com a situação de uma moça transexual que faz faculdade e sem poder trabalhar por causa da pandemia, estava em atraso com o pagamento de dois alugueis. “Ajudei a pagar um deles”, contou. A empreendedora se uniu a duas amigas e as três se cotizaram para quitar um mês de aluguel, no valor de R$ 300.

Quem recebeu o auxílio foi Bruna Medeiros. Ela trabalha nas ruas, como garota de programa, mas com as medidas restritivas que vieram com a pandemia, como as regras de distanciamento social e o toque de recolher às 20 horas, os clientes minguaram e caiu o rendimento. A contribuição das amigas paulistanas veio em boa hora. Prestes a atrasar o terceiro mês de aluguel consecutivo, ela já havia recebido um prazo para desocupar o imóvel. “Essa ajuda dá um alívio. Já morei na rua, já fui atendida pelo Centro Pop, morei em abrigo. Fiquei muito tempo sem bolsa na universidade. Agora, pelo menos até o mês que vem eu consigo ficar nessa casa. Ainda estou com o aluguel de março em atraso e o de abril vai vencer agora”, relatou.

No momento, Medeiros tenta conseguir levantar outros R$ 300 para pagar o aluguel do mês passado até que ela volte a receber a bolsa da universidade. “É uma luta diária. Agora, estou correndo atrás para ver se consigo alguma ajuda para pagar pelo menos o mês de março para ficar mais tranquila porque aí, no mês que vem, eu consigo receber a bolsa novamente.”

Ogawa é daquelas pessoas incapazes de olhar para o sofrimento humano sem pensar em uma forma de colaborar para aplacar a dor. Durante a pandemia, viu as necessidades crescerem ao seu redor em razão do aumento do número de pessoas que perderam o emprego ou que tiveram seus rendimentos reduzidos. “Fico angustiado de não poder fazer mais coisas para ajudar quem está precisando neste momento.”

No ano passado, juntamente com outros dois colegas, o jornalista já havia criado um outro grupo, chamado Ofereço/Quero, destinado a encontrar clientes para prestadores de serviço. Uma tentativa de dar visibilidade a quem não tem acesso a ferramentas de divulgação. Recentemente, o grupo atingiu mil usuários.

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GARRAFA NO MAR

A inspiração para criar o Paga esse pra mim? veio do Rio de Janeiro, onde já existe um grupo com a mesma proposta, chamado Garrafa no Mar. “Eu vi o irmão de um amigo meu criar uma iniciativa dessas no Rio de Janeiro e vi que poderia fazer algo semelhante”, disse Ogawa. Mas ele observa que a grande dificuldade tem sido conseguir doadores inclinados a contribuir com valores mais expressivos. “Vejo no grupo que boletos até R$ 100 há bastante gente disposta a pagar. Mas valores mais altos são o grande entrave para que os doadores ajudem. Por isso, sugiro a quem pede o dinheiro que se inscreva em sites de vaquinhas virtuais para que mais pessoas possam contribuir e dividir esse valor mais alto.”

No grupo criado por Ogawa, quem precisa de ajuda financeira encontra um espaço para relatar sua história e quem tiver interesse em colaborar entra em contato diretamente com quem precisa de apoio, por mensagem privada. O jornalista fica com a incumbência de administrar a página, fazendo a ligação entre as duas pontas. “Como a negociação é de pessoa para pessoa, cabe a cada um avaliar. O melhor é fazer uma investigação pessoal, acessando o perfil da pessoa. Se o perfil for recente e não tiver muita interação, é melhor ter mais cautela”, orienta. “Com as ferramentas de busca também é possível pesquisar informações da pessoa. O cuidado deve ser o mesmo que o tomado se um desconhecido te pedir dinheiro pessoalmente.”

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