Com a Operação “Fauda” deflagrada nesta manhã de quinta-feira (4), o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) de Londrina desmantelou duas associações criminosas que atuavam em Arapongas, na Região Metropolitana de Londrina, e Mundo Novo, no Mato Grosso do Sul.

Foram cumpridos dez mandados de prisão temporária e 26 de busca e apreensão relacionados aos crimes de lavagem de dinheiro, extorsão, estelionato, falsificação de documento público, falsidade ideológica, uso de documento falso e associação criminosa.

Os mandados estão sendo cumpridos em outras cidades também, como Sabáudia, Faxinal, Jandaia do Sul, Ibiporã e Guaíra, no Paraná; Bauru, em São Paulo; Dourados, no Mato Grosso do Sul, e Goiânia e Palmeiras, em Goiás. Fauda é uma expressão árabe que significa “caos” e é um jargão do exército israelense para designar as situações em que tudo dá errado.

“A operação de hoje visa desbaratar essas duas associações e o juízo criminal de Londrina determinou o bloqueio dos bens que teriam sido adquiridos pelos grupos com proveitos ilícitos”, comenta o promotor de Justiça Leandro Antunes.

Ele explica que as investigações começaram em maio de 2021, em Londrina, onde uma mulher foi presa em flagrante, utilizando documento falso para tentar se passar pela companheira de um narcotraficante condenado em operações anteriores da Polícia Federal. A mulher estava num cartório de notas da cidade, tentando transferir imóvel residencial de alto padrão pertencente a pessoa envolvida com o narcotráfico.

Imagem ilustrativa da imagem Operação desmantela grupo criminoso de Arapongas e Mundo Novo (MS)
| Foto: Divulgação/Gaeco Londrina

GUERRA ENTRE FACÇÕES

“O que a gente constatou é que um casal de narcotraficantes que residia no Paraguai está desaparecido desde 2018, período em que houve uma guerra entre duas facções da região, na disputa pelo tráfico de drogas. Houve mortes dos dois lados, mas não podemos afirmar com toda a certeza que o casal morreu, já que não temos registros e nem a localização dos corpos, mas ao que tudo indica e o que vem sendo apurado é que eles estariam mortos”, afirma.

O casal milionário tinha posse de vários bens avaliados em aproximadamente R$ 4 milhões, como mansões e veículos em Londrina, em cidades do Mato Grosso do Sul e em outras regiões do País. Segundo o Gaeco, os grupos criminosos em Arapongas e Mundo Novo estariam falsificando documentos, como CNHs, escrituras públicas, procurações e outros, para a transferências desses bens a terceiros.

Um casal investigado como integrante de uma das facções que teria participação no desaparecimento do casal de narcotraficantes estava morando em uma das mansões em Mundo Novo (MS) e, de acordo com o promotor, ostentavam a vida luxuosa nas redes sociais.

GRUPOS 'ESPECIALISTAS'

O Gaeco também investiga se o grupo de Arapongas teria alguma relação direta com o casal desaparecido. “Ainda é uma incógnita. O que a gente constatou é que diversas pessoas da região, chefiadas por uma pessoa que já tinha mandados de prisão por crimes semelhantes, descobriram esse desaparecimento e a existência desses bens e viram ali uma oportunidade para ganhar dinheiro de forma ilícita”, diz.

Ainda de acordo com o promotor, tanto o casal quanto o grupo rival que supostamente o matou já tinham sido condenados por alguns crimes na região de Mato Grosso do Sul. E o grupo de Arapongas também tinha sido alvo de outras operações da Polícia Federal. “Conseguimos vislumbrar que eram dois grupos especialistas na prática de outros crimes.”

BENS PARA O ESTADO

O objetivo do MPPR (Ministério Público do Paraná) é de que apurados esses fatos e delimitadas as responsabilidades, os envolvidos sejam processados criminalmente e que os bens adquiridos ilicitamente, sejam revertidos para o Estado.

“As investigações prosseguem com a análise dos materiais apreendidos, as oitivas dos investigados e de testemunhas e notadamente, o levantamento patrimonial completo desse casal e de todos os integrantes das duas associações criminosas.”

Imagem ilustrativa da imagem Operação desmantela grupo criminoso de Arapongas e Mundo Novo (MS)
| Foto: Divulgação/Gaeco Londrina

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