Desde que a primeira pessoa foi vacinada no Paraná contra a Covid-19, em janeiro de 2021, a Sesa (Secretaria de Estado de Saúde), em conjunto com as Regionais de Saúde e secretarias municipais, vem alertando a população sobre a importância da imunização. Com a liberação de mais doses e ampliação de faixas etárias, a procura pela vacina no ano passado ganhou força, mas agora os índices têm preocupado os órgãos de saúde.

De acordo com a Sesa, no intervalo de um ano houve uma queda de 95% no número de vacinas aplicadas contra a Covid-19 em todo o Estado. Em outubro de 2021 foram registradas 2.479.269 doses e em outubro deste ano, apenas 121.779. Os números são da RNDS (Rede Nacional de Dados de Saúde), disponíveis no Vacinômetro Nacional.

Os dados também revelam que 717.713 paranaenses não tomaram nenhuma dose da vacina. Já os faltosos para D2 (segunda dose) somam 1.406.201, enquanto para a REF (primeira dose de reforço) são 5.289.405, e para a R2 (segunda dose de reforço), 2.639.599 pessoas.

Esses números consideram a estimativa populacional de 12 a 80 anos ou mais do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de 2020 e a estimativa do Sinasc (Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos) de 2016 da população vacinável no Paraná, de 10.747.880 pessoas.

PRINCIPAL BENEFÍCIO DA VACINA

“Na época que foi disponibilizada a primeira dose da vacina, tínhamos muitos casos da doença e casos graves. Muitas pessoas se vacinaram até por conta do medo, mas conforme o tempo foi passando e o número de casos diminuindo, muitos deixaram de procurar as doses de reforço. Temos que lembrar que o principal benefício da vacina não é evitar a doença, mas evitar que ela evolua para um quadro grave, que precise de internação”, comenta a infectologista em Londrina, Fernanda Barros.

Um estudo conduzido pela UEL (Universidade Estadual de Londrina), pela Secretaria Municipal de Saúde de Londrina, pela Universidade Federal de São Carlos e pela Faculdade de Medicina Albert Einstein dos Estados Unidos mostrou que 75% das mortes por Covid-19 registradas nos primeiros dez meses de 2021 ocorreram em indivíduos que não foram imunizados contra a doença.

NOVA VARIANTE

Segundo o secretário de Estado da Saúde, Beto Preto, a cobertura no Paraná com a primeira e segunda dose “é ótima, mas precisamos nos atentar aos faltosos nas doses de reforço, que são os imunizantes atualizados para as variantes que foram surgindo com o passar do tempo e vão continuar aparecendo enquanto houver a circulação da Covid-19. Não podemos deixar que a falsa sensação de proteção com as primeiras doses nos impeça de reforçarmos essa imunização e aumentarmos a prevenção contra a doença”, disse.

O Paraná já aplicou 27.876.265 vacinas contra a Covid-19. A cobertura vacinal do público acima de cinco anos para D1 e DU é de 97,86% e para D2 de 92,38%. Já para a REF, a porcentagem cai para quase 63% e para a R2 a cobertura é ainda menor, cerca de 23%. A R2 ou quarta dose é recomendada pelo Ministério da Saúde para pessoas a partir de 40 anos, mas as prefeituras que têm doses estão estimulando a vacinação de público mais jovem.

Com a circulação de uma nova subvariante da Ômicron, nominada como “BQ.1”, identificada no Brasil nas últimas semanas, aumenta a preocupação dos órgãos de saúde sobre uma possível nova onda da doença. De acordo com a Sesa, essa nova linhagem ainda não chegou ao Paraná, mas estima-se que a cepa possua maior risco de reinfecção.

De acordo com a infectologista Fernanda Barros, a imunidade gerada pela infecção da Covid-19, principalmente nas cepas derivadas da Ômicron, não é uma imunidade robusta. “Ela não vai fazer uma proteção duradoura. Ter tido a doença não isenta as pessoas de completarem o esquema vacinal”, afirma.

FESTAS DE FIM DE ANO

E ela faz um alerta em relação às festas de fim de ano. “Todos têm que repensar sobre os cuidados, especialmente nas famílias em que há pessoas com fatores de risco. Isso porque as pessoas pararam de fazer os testes da Covid. Infelizmente, não tivemos um avanço de testagem no Brasil para facilitar, por exemplo, o autoteste ou locais de testagem gratuitos. Com isso, aliado à queda no número de casos da doença no País, as pessoas deixaram de testar, não estão mais usando máscaras e voltaram a aglomerar. A vacina é muito importante e requer um pensamento coletivo”, afirma.

Imagem ilustrativa da imagem No PR, número de não vacinados contra a Covid-19 é de 717.713 pessoas
| Foto: Micaela Orikasa - Grupo Folha

17ª REGIONAL DE SAÚDE

Na 17ª Regional de Saúde, que abrange Londrina e outros 20 municípios da região, um total de 831.480 pessoas tomaram a D1 e 771.872 tomaram a D2. Já 25.653 pessoas foram imunizadas com dose única e 497.671 receberam a REF. No público infantil, na faixa etária de 3 a 4 anos, a Regional de Saúde vacinou 1.783 crianças com a primeira dose e sete com a segunda dose.

Em Londrina, foram 787 crianças imunizadas com a D1 e duas com a D2, até o momento. Já na faixa etária de 5 a 11 anos, 30.799 crianças receberam a D1 em Londrina e 20.432 tomaram a D2. Três crianças receberam dose única. Entre os adolescentes de 12 a 17 anos, foram 36.494 vacinas (D1) aplicadas no município e 31.342 com a D2.

“Infelizmente, a gente ainda tem pediatras recomendando a não vacinação. Como infectologista, reforço que, na maioria dos casos, as crianças apresentarão um quadro relativamente benigno da doença, mas aquelas abaixo de 2 anos ou com doença crônica podem ter gravidade, necessitar de UTI e precisar de ventilação mecânica. Agora que temos vacinas disponíveis para o público infantil, nada justifica não vacinar”, destaca a infectologista.

A PARTIR DE 6 MESES

Buscando ampliar a faixa da população imunizada contra a Covid-19, a Secretaria Municipal de Saúde liberou em Londrina, o cadastramento de crianças com idade entre 6 meses e 4 anos. Para as crianças receberem a vacina, os pais e responsáveis devem fazer o registro dos dados das crianças no site da Prefeitura de Londrina. O agendamento ainda não está liberado e também não foram divulgados os locais de vacinação desse público.

A vacina para crianças entre 6 meses e 4 anos de idade tem dosagem e composição diferentes daquelas utilizadas para as faixas etárias previamente aprovadas. Ela deve ser aplicada em três doses de 0,2 mL (equivalente a 3 microgramas). As duas doses iniciais devem ser administradas com três semanas de intervalo, seguidas por uma terceira dose administrada pelo menos oito semanas após a segunda dose. A tampa do frasco da vacina virá na cor vinho, para facilitar a identificação pelas equipes de vacinação.

A reportagem procurou o secretário municipal de Saúde, Felippe Machado, para atualizar as informações sobre a vacinação contra a Covid-19 em Londrina, mas não houve retorno até o momento.

MORTES POR COVID

Em todo o Paraná, 45.209 pessoas morreram em decorrência da Covid-19 desde o início da pandemia. Ao todo, o Estado já confirmou 2.742.740 casos. No último mês, foram 2.835 confirmações da doença e 29 óbitos. Segundo a Sesa, os dados têm registrado queda há pelo menos cinco meses e nessa primeira semana de novembro não houve nenhuma morte confirmada pela doença no Estado. No último boletim semanal da Covid-19, divulgado no dia 04 de novembro, Londrina registrou 76 novos casos da doença.

Dentre as mais de 4,5 mil amostras selecionadas para sequenciamento genômico pela Ficoruz (Fundação Oswaldo Cruz), para analisar as modificações do vírus e quais delas estão circulando, 3.621 já foram analisadas, resultando na detecção de 96 linhagens e sublinhagens do vírus Sars-CoV-2 no Paraná. Destes, as principais são as variantes da Ômicron (57,9%), seguida pela Delta (17,7%) e Gamma (17,1%). (Com AEN)

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