Londrina abriu 12 unidades básicas de saúde em todas as regiões da cidade para, das 10h às 16h do último sábado (21), colocar em dia as vacinas de crianças e adolescentes de 0 a 14 anos. A mobilização é o chamado “Dia D”. Ela faz parte de uma ação nacional de multivacinação para combater os baixos índices de imunização que passaram a ser registrados no Brasil durante os últimos anos.

David de Souza Júnior levou o filho Brayan para deixar o garoto em dia com a imunização contra a covid-19
David de Souza Júnior levou o filho Brayan para deixar o garoto em dia com a imunização contra a covid-19 | Foto: Lucas Marcondes

De acordo com a assessoria de comunicação do município, foram avaliadas no sábado 1.309 carteirinhas. Destas, 870 estão relacionadas com a multivacinação. Foram aplicadas 309 vacinas contra a gripe e 194 contra a Covid-19. Na data, o número total de vacinas aplicadas foi 1.373.

No domingo (22), secretário de Saúde de Londrina falou por telefone com a reportagem da Folha de Londrina. Felippe Machado considerou que o resultado poderia ser melhor. "Toda proteção deve ser considerada boa, embora tivéssemos uma estrutura seguramente muito maior para atender mais crianças para esse dia", ponderou. "De toda forma, não podemos desprezar as vacinações realizadas, sobretudo pelo fato de algumas crianças terem recebido a primeira dose, como verificado. Então, seguiremos buscando mais alternativas para ampliar esses números de crianças vacinadas".

Desinformação

O Dia D teve lançamento na Unidade Básica de Saúde do Jardim Santiago, na região oeste. O secretário de Saúde de Londrina esteve na UBS e comentou que a circulação de desinformação sobre o tema continua prejudicando a cobertura vacinal – abrindo brecha para o reaparecimento de doenças antes erradicadas, como a poliomielite (também chamada de paralisia infantil).

“As redes sociais usadas de forma equivocada acabam prejudicando em vários sentidos, e a vacinação é um exemplo muito vivo disso: pessoas sem o menor embasamento científico acabam externando opiniões, e essas opiniões reverberam de maneira irresponsável.”

“Temos que nos reinventar no dia a dia para tentar levar informação de qualidade a essas pessoas, mostrar a segurança da vacina. Todas as estratégias nós estamos tentando”, garantiu Machado.

Obrigação de recuperar o `hábito´ de vacinar-se

Presente neste sábado em Londrina, o diretor-geral da Secretaria da Saúde do Paraná, César Neves, afirmou que os governos têm “obrigação” de recuperar o hábito da vacinação, já que, segundo ele, a meta vacinal de imunizar de 90% a 95% dos públicos-alvo começou a cair de forma “perigosa” no estado a partir de 2016.

“Ainda temos indicadores que nos preocupam principalmente nas vacinas para rotavírus, para hepatite A, hepatite B e também um alerta para o HPV dos meninos, que estamos em uma meta vacinal muito baixa”, detalhou o representante da Sesa.

“VACINAR PARA FAMÍLIA FICAR EM PAZ”

A biomédica Stefany Alcantara mora no Jardim Santiago e levou os filhos Sofia, de 6 anos, e Rafael, de 4 anos, para colocar em dia uma série de vacinas das crianças. “É importante manter sempre atualizado o cartãozinho de vacina para a própria saúde deles.”

Stefany Alcantara levou os filhos Sofia e Rafael no Dia D: “É importante manter sempre atualizado o cartãozinho de vacina para a própria saúde deles”
Stefany Alcantara levou os filhos Sofia e Rafael no Dia D: “É importante manter sempre atualizado o cartãozinho de vacina para a própria saúde deles” | Foto: Lucas Marcondes

Já o mecânico David de Souza Júnior veio do Conjunto Milton Gavetti, na região norte, para que o filho Brayan, de 4 anos, tome a segunda dose contra a covid-19. “Mesmo com uma diminuída [nos casos da doença], tem que vacinar para a família e a criança ficarem em paz, tranquilo. É melhor, né?”

ONDE IR

Além das doses contra a covid-19, também são ofertadas mais de 20 diferentes vacinas do Programa Nacional de Imunização (PNI). As outras unidades de saúde que ficaram abertas neste sábado para a multivacinação podem ser conferidas nesta matéria. A campanha terá continuidade nos horários regulares de funcionamento de todas as UBS de Londrina, terminando em 28 de outubro.

PARANÁ TEM MORTALIDADE INFANTIL EM ALTA; SESA DIZ REVER ESTRATÉGIAS

A taxa de mortalidade infantil registrada no Paraná de janeiro a agosto deste ano chegou a 11,1 óbitos a cada mil crianças nascidas vivas. O dado, que já é o maior desde 2012, foi apresentado no último dia 17 pela própria Secretaria da Saúde do estado durante a prestação obrigatória de contas do segundo quadrimestre de 2023 feita na Assembleia Legislativa (AL).

O número é um dos principais indicadores não só para nortear ações governamentais na saúde, mas também impacta no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). A taxa atingiu 9,3 em 2020 – a menor de uma série histórica que começa em 1994. Porém, após uma trajetória seguida de queda desde 1999, houve elevação em 2021 (9,5) e 2022 (10,3).

O quadro atual motivou críticas da oposição ao governador Ratinho Junior (PSD) no Legislativo. “Os números deixam claro que o tem sido feito não é o suficiente. A saúde no Paraná precisa melhorar urgentemente. Não podemos regredir e permitir que esse índice aumente, porque não é só um índice. Estamos falando de vidas de crianças de até um ano de idade”, disse o deputado estadual Arilson Chiorato (PT) em declaração divulgada por sua assessoria de imprensa.

MORTALIDADE INFANTIL

Em visita a Londrina neste sábado (21), o diretor-geral da Secretaria da Saúde, César Neves, assegurou que a redução da mortalidade infantil no estado é “prioridade zero” da pasta e o momento é de “reflexão profunda” quanto aos protocolos em vigor para essa política pública.

“O secretário Beto Preto determinou que os comitês [regionais de prevenção da mortalidade infantil] voltem a se reunir em prazos mais amiúde, estamos revendo todas as estratégias, dialogando também com as unidades hospitalares [...] Estamos revendo outras estratégias de apoio financeiro da rede hospitalar”, listou o diretor da Sesa.