Nos últimos dias, as imagens de violência doméstica sofrida por Pamella Holanda, ex-esposa do DJ Ivis, chocaram o Brasil. Infelizmente, essa é uma realidade vivenciada por milhares de mulheres em todo o país. Em Londrina, há a
Rede de Enfrentamento à Violência Doméstica, Familiar e Sexual, coordenada pela secretaria municipal de Políticas para as Mulheres.

Imagem ilustrativa da imagem Mulheres vítimas da violência: onde buscar ajuda em Londrina
| Foto: Vivian Honorato - N.Com

DENÚNCIA

As vítimas de violência doméstica ou as pessoas que testemunharem atos de violência contra a mulher podem denunciar as agressões pelo Disque 180, pela Patrulha Maria da Penha da Guarda Municipal, no Disque 153, na Polícia Militar do Paraná pelo 190, que são serviços 24 horas por dia.

Na Delegacia Especializa no Atendimento à Mulher (rua Almirante Barroso, 107) é possível denunciar ou pedir ajuda pelo (43) 3322-1633, que também recebe imagens, áudios e vídeos por WhatsApp, ou pelo e-mail [email protected] . Já a Delegacia de Plantão da Polícia Civil fica na avenida Santos Dumont, 422, próximo à rotatória da Avenida Juscelino Kubitscheck, e atende 24 horas.

CASA ABRIGO

Para casos de violência com grave ameaça e risco de morte, a Casa Abrigo Canto de Dália acolhe as vítimas e seus dependentes menores de 18 anos em um local seguro e sigiloso. De tempos em tempos o atendimento é transferido de endereço, para que os agressores não tenham acesso às vítimas.

Para ter acesso à casa abrigo, deve ser procurado primeiro o CAM (Centro de Referência de Atendimento à Mulher), pelo telefone 3378-0132, e-mail [email protected] ou pessoalmente na sede - av. Santos Dumont, 408, ao lado do 2º Distrito Policial. O CAM funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h. Após o fechamento do CAM, se a mulher necessitar ser abrigada , a secretaria tem o plantão 24 horas. A mulher deve procurar o 2º Distrito Policial (Central de Flagrantes), que entrará em contato com os plantonistas.

CAM

Os profissionais do CAM oferecem a escuta qualificada, onde vão ouvir os relatos das vítimas, ajudarão orientando sobre os direitos e mostrarão os serviços que a cidade oferece para ajudá-las, como o atendimento à saúde física e psicológica, e o apoio jurídico e sociocassistencial. As vítimas são orientadas a registrar o Boletim de Ocorrência na Delegacia da Polícia Civil, pois todo e qualquer tipo de violência é crime.

O atendimento social no CAM é feito individualmente ou em grupo, oportunidade em que as vítimas são monitoradas pelos profissionais que integram os serviços. Tudo isso é feito para que a mulher consiga se fortalecer e sair do ciclo da violência.

FLUXO DE ATENDIMENTO

A Rede de Enfrentamento ajuda as vítimas através de uma estrutura de serviços humanizada, com profissionais capacitados para os atendimentos específicos às mulheres que sofrem violência. Esses profissionais reúnem-se uma vez por mês, para debater e aprimorar as técnicas e o fluxo de atendimento. Por isso, caso as vítimas deem entrada no atendimento médico-hospitalar de Londrina, seja pelas Unidades Básicas de Saúde, maternidades ou hospitais, ou nos atendimentos feitos nos Cras (Centro de Referência em Assistência Social), elas são direcionadas à rede. Além disso, elas também podem procurar diretamente o CAM ou à Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres.

Fazem parte da Rede de Enfrentamento os seguintes serviços: secretarias municipais de Saúde e de Políticas para as Mulheres, Delegacia da Mulher, CAM, Casa Abrigo Canto de Dália, Centro de Oficinas para Mulher, Conselho Municipal dos Direitos das Mulheres, 6ª Vara Criminal de Londrina – Vara Maria da Penha, Numape/UEL (Núcleo de Apoio Jurídica Maria da Penha da Universidade Estadual de Londrina), Instituto Médico Legal, Polícia Militar; Defensoria Pública, Ministério Público, Núcleo Regional de Ensino, Ordem dos Advogados do Brasil, hospitais e os conselhos municipais.

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AUMENTO DA PROCURA

Segundo dados da secretaria municipal, de janeiro até junho de 2021, o CAM registrou 195 casos novos de violência doméstica em Londrina, o que significa cerca de 25 mulheres por mês sendo agredidas e buscando ajuda pela primeira vez no CAM. Além disso, somente, neste ano, quase 2 mil atendimentos já foram feitos às vítimas de violência física, psicológica, moral, sexual ou financeira. No ano passado inteiro, 2020, o CAM registrou a presença de 362 novas vítimas de violência doméstica e 3.406 atendimentos nos setores de psicologia, jurídico e socioassistencial.

Já a Casa Abrigo Canto de Dália acolheu 44 mulheres durante o ano de 2020 e, agora, em 2021 já recebeu 34 vítimas.

Segundo a diretora de Atendimento Especializada à Mulher, responsável pelos serviços de média e alta complexidade no Município, Lucimar Rodrigues, apesar de serem altos, os números não refletem a realidade pois, ainda, é grande o quantitativo de pessoas que não denunciam a violência. “Muitas mulheres ainda permanecem no anonimato, seja por medo, insegurança ou desconhecimento de seus direitos. Por isso, é importante que a mulher venha conversar com a nossa equipe e tenha toda a orientação possível."

“Infelizmente, a sociedade ainda tem muito preconceito em relação à vítima de violência doméstica. É como se houvesse uma inversão de valores, em que a vítima se torna a ré e o agressor se torna a vítima. Frases como “ah, mas ele é bom pai”, “ele é trabalhador”, “pense nos seus filhos”, fazem com que a mulher sofra com as agressões físicas e psicológicas, e se sinta culpada por querer sair dessa violência, ou seja, fazem com que elas permaneçam em relacionamento abusivo. Só as vítimas sabem o quão sofrem com a violência e a sociedade precisa parar de naturalizar isso”, disse a secretária de Políticas para as Mulheres, Liange Doy.

SINAL VERMELHO

Várias campanhas têm sido feitas para conscientizar a população sobre a importância de denunciar casos de violência doméstica. Uma delas é Sinal Vermelho, organizada pelo Conselho Regional de Farmácia do Paraná, com apoio da Prefeitura de Londrina. As vítimas que precisam de ajuda podem ir a uma farmácia, fazer um X vermelho na mão e mostrá-la ao atendente. Com esse gesto, o profissional da saúde poderá socorrer a mulher, telefonando para a Polícia Militar ou para a Guarda Municipal, que encaminhará uma viatura até o local.

BOTÃO DO PÂNICO

O “Botão do Pânico” físico e o virtual, aciona a Polícia Militar sempre que uma mulher, que tem Medida Protetiva de Urgência contra seu agressor, se sente ameaçada. O dispositivo possibilita a gravação e o armazenamento de áudios quando acionado, assim como envia a localização exata da vítima via GPS. O físico está sendo usado há quase um ano. Já o virtual é um projeto piloto, que o Município está testando para verificar a viabilidade e a funcionalidade. Trata-se de um aplicativo que a mulher baixa em seu celular e quando se sentir ameaçada aciona. Imediatamente, uma viatura a PM é deslocada para atender a vítima.

PIONEIRISMO

A Prefeitura de Londrina foi uma das primeiras do Brasil a ter uma Coordenadoria Especial da Mulher, que foi implantada em 1993, quando passou a vigorar a Lei Municipal nº 5.222/92. De Coordenadoria Especial da Mulher passou a ser Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres (SMPM) em 2011, com a sanção da Lei Municipal n.º 11.214, tornando Londrina um dos 19,9% dos municípios brasileiros que contam com um organismo próprio para ajudar as mulheres, segundo o IBGE. Um ano depois da implantação oficial da SMPM, a Prefeitura organizou a Rede de Enfrentamento à Violência Doméstica, Familiar e Sexual contra as Mulheres (REVDFS), que existe desde 5 de março de 2012 e foi oficializada por meio do Decreto n.º 246. Atualmente, a rede é considerada referência no Brasil. (Com informações do N.Com)

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