A FEL (Fundação de Esportes de Londrina) promove na quarta-feira (14), às 19h, a transmissão de uma palestra sobre noções básicas de defesa pessoal para mulheres, incluindo uma aula prática com o mestre Josué L. Silva. Serão realizadas demonstrações de técnicas para as mulheres se defenderem de estrangulamento, ataques de frente e por trás. Advogada londrinense defende que as aulas de artes marciais sejam adotadas como política pública permanente para as mulheres.

O último curso presencial de defesa pessoal para mulheres realizado pela FEL teve uma grande procura
O último curso presencial de defesa pessoal para mulheres realizado pela FEL teve uma grande procura | Foto: Pedro Marconi - Grupo FOLHA/Arquivo

Mestre Josué já ministrou aulas presenciais em parceria com a FEL e trará esta aula de forma remota devido à pandemia de Covid-19. Ele é mestre 6º Dan de Taekwondo, ex-diretor de artes marciais da Federação Paranaense de Taekwondo, além de ser instrutor de academias e escolas. Além de demonstrar algumas técnicas, Mestre Josué falará também sobre condicionamento físico.

Marcelo Oguido, presidente da FEL, enfatiza que este projeto está ligado ao Programa Saúde Singular, que propõe levar até a comunidade cursos e palestras relevantes ao cenário nacional. “Particularmente, o de defesa pessoal para as mulheres é devido o grande aumento de feminicídios no Brasil”, observou.

O assessor de esportes e eventos da FEL, Sandro Henrique Santos, ressaltou que o último curso presencial de defesa pessoal para o público feminino teve muita procura. “Em dois dias de inscrição esgotamos as vagas para a aula de noção de defesa pessoal." Além da transmissão ao vivo no Facebook e no Instagram da FEL, Santos ressaltou que o vídeo também ficará disponível no canal da Fundação de Esportes de Londrina no YouTube.

PROCURA GRANDE

Ele ressaltou que o curso é uma forma de contribuir para reduzir a violência doméstica contra as mulheres e o feminicídio, que têm aumentado durante a pandemia de Covid-19. “Somos constantemente cobrados para fazer todos os anos, devido à pandemia encontramos uma forma de fazer a palestra prática, porém de forma remota através da live, com toda segurança e higienização para o palestrante. Teremos várias orientações, informações e dicas para a defesa pessoal, acreditamos que vários homens participarão também, por ser um tema de grande relevância.”

O evento tem o apoio da Secretaria Municipal de Politicas para as Mulheres e a Delegacia da Mulher da Polícia Civil de Londrina.

POLÍTICA PÚBLICA

A historiadora e advogada Eliane Patrícia Araujo produz e apresenta a coluna Precisamos falar sobre Maria da Penha da UEL FM (toda terça-feira às 12h) e defende que as aulas de artes marciais sejam adotadas como política pública permanente para as mulheres. Ela já foi campeã paranaense e brasileira de taekwondo e elogiou a iniciativa das aulas de defesa pessoal.

“É bacana as mulheres saberem que podem ter acesso (ao curso) , mas eu acho que é um primeiro passo para depois ter uma continuidade nesse trabalho”, apontou. Araujo ressaltou ser importante ter um uma política pública que capacite as mulheres por meio de um curso semanal, seja de taekwondo, krav maga ou outra arte marcial, como uma forma de atividade física para que ela possa estar preparada caso necessário ela tenha de usar em sua autodefesa.

A historiadora e advogada Eliane Patrícia Araujo defende que as aulas de artes marciais sejam adotadas como política pública permanente
A historiadora e advogada Eliane Patrícia Araujo defende que as aulas de artes marciais sejam adotadas como política pública permanente | Foto: Divulgação/Eliane Patrícia Araujo

SITUAÇÕES COMPLEXAS

“A lei Maria da Penha prevê cinco formas de violência: física, psicológica, sexual, patrimonial e moral. Muitas pessoas questionam por que as mulheres permanecem em um relacionamento violento, mas são situações complexas. Se, por exemplo, ela tem uma dependência financeira, isso vai dificultar, porque vai pensar nos filhos. Ela vai pensar em vários fatores relacionados a isso antes de se desvincular do do agressor. Ela tem uma dependência psicológica também e isso tem que ser tratado", afirmou.

"E se ela sofre violência física, a defesa pessoal trabalhada de forma constante é sim um meio para a mulher se empoderar e poder realmente se defender com eficiência, porque se o sujeito for para cima dela, ele vai levar o troco”, reforçou a advogada, citando outro benefício da prática de lutas marciais. " A pessoa vai se sentir melhor. É público e notório que atividade física melhora vários setores, inclusive o psicológico."


Ela aponta que a maioria dos casos de violência contra a mulher envolve companheiros com quem tinham uma relação de afeto e carinho. “Para a mulher é difícil cair a ficha, porque ela está sofrendo violência de um cara com quem geralmente tem filhos e tem sentimentos”, explica.

As imagens, gravadas por câmeras de segurança do apartamento, em Fortaleza, que mostram Iverson de Souza Araújo, o DJ Ivis, agredindo a socos e chutes a ex-mulher Pamella Holanda, comprovam isso, que na maioria das vezes o agressor é alguém próximo.

LEI COMPLETA E EFICAZ

A especialista também comenta a importância da lei Maria da Penha. “É uma lei completa e eficaz. É considerada a terceira melhor do mundo pela ONU (Organização das Nações Unidas), atrás apenas da Espanha e do Chile. O problema é efetivar o que está previsto na lei, porque muitas cidades não têm delegacia 24 horas. É o caso de Londrina. A Delegacia da Mulher não funciona 24 horas. No horário que a Delegacia da Mulher não está funcionando, o atendimento é feito lá na central de flagrantes, em uma sala em separado. As violências acontecem mais no fim da noite e no fim de semana, então tem essa necessidade de ter esse atendimento 24 horas em Londrina”, detalha.

(Atualizada dia 12/09/2021, às 14 horas)

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