A promotoria de Saúde Pública do MP-PR (Ministério Público do Paraná) em Londrina abriu um procedimento para apurar as circunstâncias da morte de Nycolas Ronald Dias, 22, na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Jardim do Sol, na zona oeste, que aconteceu na última segunda-feira (23). A FOLHA mostrou que a irmã do rapaz foi a instituição nesta semana, onde protocolou uma denúncia. Na avaliação de Thaís Karina da Silva, houve negligência dos servidores da unidade.

De acordo com a promotora Susana de Lacerda, foram solicitadas as informações que o Ministério Público entende como pertinentes para averiguar o episódio. “Nesse caso o prontuário para análise é fundamental, não apenas da UPA, mas também do atendimento dele que temos notícia que houve em outro hospital. A partir desses documentos que estarão em posse do MP outras diligências serão adotadas, com a necessidade ou não de perícia médica. Por hora, o Ministério Público precisa angariar os documentos”, explicou.

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O CRM-PR (Conselho Regional de Medicina no Paraná) instaurou uma sindicância para avaliar “eventual indício de infração médica por parte de profissionais da unidade”. A Polícia Civil informou, nesta sexta-feira (27), que estabeleceu um inquérito para investigar o óbito. “Diligências estão sendo realizadas a fim de esclarecer os fatos. Testemunhas e familiares estão sendo ouvidos. A Polícia Civil aguarda laudos complementares que darão auxilio no andamento das investigações”, destacou a corporação, por meio de nota enviada à reportagem.

O rapaz morreu dentro da UPA do Sol cerca de seis horas após dar entrada. Segundo familiares, ele passou mal no domingo (22), tossindo sangue, e procurou a unidade pela primeira vez. Teria sido diagnosticado com ansiedade, recebeu medicamento e foi liberado. O estado de saúde piorou no dia seguinte e ele retornou.

“Fizeram um raio-x, disseram que não tinha nada e liberaram. Mas quando estava saindo a médica o chamou de volta e falou que tinha água no pulmão. Fizeram pedido de ambulância, porém, com a demora ele foi agonizando. Quando voltou colocaram no soro com medicamento forte para dormir, ele acordou convulsionando e pedindo oxigênio. Colocaram (oxigênio) depois que já estava se batendo, no entanto, ele morreu”, relatou Thaís Silva na quinta-feira (26).

CORREGEDORIA

A secretaria municipal de Saúde confirmou que já foi aberta uma comissão para entender se houve erro de conduta ou falha. O resultado deve sair até o final da semana que vem, se não houver prorrogação. “A comissão tem três médicos e vai avaliar a assistência que foi prestada a esse jovem, desde a abertura da ficha, até o último atendimento e prescrição antes do óbito”, afirmou o responsável pela pasta, Felippe Machado.

O resultado da comissão será direcionado, posteriormente, para a Corregedoria-Geral do Município. “É o órgão que tem a responsabilidade de apurar se houve ou não negligência ou falta de observância em relação aos protocolos estabelecidos para atendimentos de urgência e emergência. A corregedoria irá avaliar se abre ou não a sindicância e qual a decisão sobre o caso”, disse o secretário.

PROTOCOLO

O atestado de óbito de Nycolas documentou que o jovem teria morrido por infarto agudo do miocárdio, derrame plural (acúmulo de líquido entre as duas camadas que revestem os pulmões), dispneia súbita (falta de ar) e convulsão. A família contestou e reclamou que o corpo deveria ter passado por exames no IML (Instituto Médico Legal). Machado frisou que o protocolo quando acontece um falecimento dentro do serviço de saúde é encaminhar para a Acesf (Administração dos Cemitérios e Serviços Funerários de Londrina).

“(A morte do jovem) não foi por falta de assistência. Ele estava dentro da Unidade de Pronto Atendimento, na sala de urgência, que é monitorada 24 horas por dia com a presença física de um médico. Por isso, diante dos fatos, determinamos que fosse aberta a comissão”, defendeu.

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