Ibiporã - A cidade de pouco mais de 55 mil habitantes começou a terça-feira (22) tentando assimilar um dos maiores incêndios de sua história. “É muito triste e difícil de ver como ficou o mercado e tudo o que aconteceu”, resumiu Luciana Batista. Assim como a dona de casa, dezenas de moradores foram até a frente do Supermercado Montana, em Ibiporã (Região Metropolitana de Londrina), conferir o estado em que ficou o estabelecimento e buscar notícias das vítimas.

Na tarde de segunda-feira (21), um incêndio de grandes proporções destruiu a estrutura do comércio, um dos mais tradicionais do município e localizado no centro. O fogo teria começado no telhado e se alastrado rapidamente. Apenas o depósito não foi atingido. Cliente há décadas do supermercado, o porteiro aposentado Manoel Fena se assustou com o que encontrou. “Fiquei surpreso quando fiquei sabendo do incêndio. É um dos melhores mercados de Ibiporã. Dá vontade até de chorar vendo tudo desse jeito. É torcer para quem se machucou ficar bem.”

Muitos funcionários também se reuniram ao lado dos escombros. Entre palavras de conforto e abraços, a esperança para que o local de trabalho se reerga. “É de onde tiramos o dinheiro que leva comida para nossa casa. Mais que isso é uma família, todos se ajudam, um lugar bom de trabalhar”, comentou uma funcionária, ainda abalada com a tragédia.

Imagem ilustrativa da imagem Moradores mostram tristeza e solidariedade após incêndio em Ibiporã
| Foto: Pedro Marconi - Grupo Folha

Atuando no supermercado há 22 anos, o auxiliar administrativo Luis Alves de Menezes carrega na memória o corre-corre de clientes e colegas para se salvar. “O fogo começou quase do zero. Foi como riscar um fósforo e jogar na gasolina. Tudo muito rápido, não deu tempo de fazer nada, só de gritar para o pessoal, que foi se espalhando e saindo”, recordou.

Menezes é como um “braço direito” de Alberto Araújo, 53, proprietário do estabelecimento e um dos feridos no incêndio. “Um trauma, apesar de ter assistindo o fogo do início ao fim. É chocante. O pouco que tenho ganhei aqui. Agradeço a Deus e ao seo Alberto”, emocionou-se. “A mãe é sempre melhor para os filhos e ele como patrão é uma mãe, não só para mim, mas para todos os funcionários e clientes. Nunca deixou ninguém na mão. Em Ibiporã não tem uma pessoa que fala mal dele”, acrescentou.

Esquina onde fica o estabelecimento está isolada; perícia preliminar foi feita pela Criminalística
Esquina onde fica o estabelecimento está isolada; perícia preliminar foi feita pela Criminalística | Foto: Pedro Marconi - Grupo Folha

SETE VÍTIMAS

O empresário foi transferido na noite de segunda para o HU (Hospital Universitário) de Londrina, onde permanece grave, intubado e ainda passando por avaliação para verificar se houve queimaduras de vias aéreas. “Sem queimaduras externas”, informou a assessoria de imprensa da instituição.

Além dele, outras sete pessoas – cinco homens e duas mulheres – precisaram de atendimento médico. De acordo com o Hospital Cristo Rei, para onde as foram levadas inicialmente, dois pacientes foram encaminhados para hospitais de Londrina, incluindo Alberto Araújo, e quatro tiveram alta. Um paciente segue internado e seu estado é considerado estável.

Imagem ilustrativa da imagem Moradores mostram tristeza e solidariedade após incêndio em Ibiporã
| Foto: Pedro Marconi - Grupo Folha

VÍTIMA FATAL

Durante as buscas por feridos, depois das chamas terem sido controladas, o Corpo de Bombeiros encontrou o corpo de um homem na parte de cima do supermercado. Anderson Rodrigues dos Santos, de 42 anos, trabalhava há 20 anos numa empresa de impermeabilização de Ibiporã. Ele fazia a impermeabilização da cobertura do lugar e uma das possibilidades é que o serviço tenha provocado o incêndio, o que será investigado. Anderson deixou dois filhos e esposa. Até a manhã de segunda-feira o corpo continuava no IML (Instituto Médico Legal).

PERICÍA

A esquina onde fica o supermercado permanece isolada. O chefe do Instituto de Criminalística de Londrina, Luciano Bucharles, disse que na noite de segunda-feira foi feita uma primeira perícia e a apuração “vai se desenvolver pelos próximos dias”. O estabelecimento tem seguro, que foi acionado e chamou uma equipe segurança para ficar no lugar 24 horas por dia. A seguradora também deverá realizar uma perícia. Um inquérito foi instaurando pela Polícia Civil para investigar o caso.

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