Faz 49 anos que a artesã aposentada Antonia da Silva Mendonça mora no jardim Maringá, na zona oeste de Londrina. Com orgulho, garante que nunca foi diagnosticada com dengue. “Cuido muito do meu quintal. Tem um inquilino nos fundos que tem muitas plantas, mas ele não deixa água parada. Os agentes de endemias sempre estão passando aqui orientando. Tenho medo de ficar doente, ainda mais por ser idosa”, relatou, aos 77 anos.

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Ao contrário da aposentada, muitos londrinenses estão descuidados na prevenção ao mosquito Aedes aegypti, o que fez com que a cidade entrasse na classificação de alerta para a doença. O 4º LIRAa (Levantamento Rápido de Infestação do Aedes aegypti), divulgado nesta quarta-feira (9), pela secretaria municipal de Saúde, apontou índice de infestação de 3%, considerado alto. No levantamento anterior, de julho, o percentual estava em 1,4%.

Os bairros com maior incidência de larvas são Parque Maria Estela (zona norte), seguido do Rui Barbosa (leste), jardim Maringá (oeste), Palmares (central) e Universitário (oeste). O secretário municipal de Saúde destacou que o crescimento era esperado por conta do período climático das últimas semanas, com dias de chuva intercalados com tempo quente. No entanto, o que chamou a atenção de Felippe Machado foi a grande quantidade de focos no interior das casas, de 11%.

Jardim Maringá, na zona oeste, é o terceiro com maior índice de foco do mosquito Aedes aegypti
Jardim Maringá, na zona oeste, é o terceiro com maior índice de foco do mosquito Aedes aegypti | Foto: Pedro Marconi - Grupo Folha

“Este clima é muito propício para que haja o aumento de larvas e consequentemente do mosquito da dengue. Mas o percentual (de criadouros dentro das casas) saltou mais de 10%, o que é inédito em todos os levantamentos do LIRAa. Isso nos mostra a necessidade de conscientização urgente de todo cidadão londrinense para que não haja nenhum risco de uma nova epidemia na chegada do verão”, advertiu. Em 2019, Londrina enfrentou epidemia de dengue.

CRIADOUROS

O Levantamento Rápido de Infestação do Aedes aegypti foi feito entre os dias 17 e 21 de outubro. Os agentes de endemias visitaram 9.732 imóveis em todas as regiões. Os principais criadouros identificados, 89%, foram objetos em desuso jogados nos quintais, vasos de plantas e água da chuva armazenada sem cuidados. “O Aedes não tem hábito de ficar em fundo de vale, terrenos baldios, mas sim nos locais onde têm seres humanos para conseguirem se alimentar”, explicou Nino Ribas, coordenador de Endemias da secretaria municipal de Saúde.

A região com maior índice epidemiológico da dengue é a leste (3,61%). Na sequência aparecem as zonas sul (3,18%), norte (3,05%), central (2,82%) e oeste (2,67%). “O que nos chama atenção é que a região leste é com maior índice de foco do mosquito, no entanto, é a oeste com maior número de casos notificados e pessoas doentes”, comentou Machado.

AÇÕES

A secretaria intensificou as ações nas localidades mais problemáticas. “Os trabalhos dos agentes para que uma epidemia seja evitada é nesse momento, com a intensificação das ações na região oeste e armadilhas na leste. Assim, conseguimos equalizar e diminuir o número de larvas do mosquito”, projetou. Os servidores também deverão reforçar a aplicação de veneno por meio de bomba costal. Estão previstas para as próximas semanas mutirões em parceria com a CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização).

CASOS

De janeiro até o início de novembro, Londrina registrou 12.666 casos de dengue notificados, com 3.101 confirmados, dois óbitos e 8.832 descartados. Ainda estão em análise 733. “Não sentimos reflexo (de casos) nas unidades de saúde. Mas já há possibilidade de aumento no número de pessoas com a doença se não mudarmos a atitude nas próximas semanas e meses”, reforçou o secretário municipal de Saúde.

NO PARANÁ

De acordo com 13º informe semanal do período epidemiológico 2022/2023, publicado na terça-feira (8) pela Sesa (Secretaria de Estado de Saúde), o Paraná registrou mais 103 casos da dengue. Atualmente são 1.394 confirmações em 175 municípios, somando 16.738 notificações da doença. Não há novos óbitos neste boletim. Desde o início do período epidemiológico, são dois óbitos pela doença.

“Precisamos continuar com o enfrentamento às arboviroses, especialmente a dengue. É fundamental o apoio da população e que cada pessoa, cada família, vigie o quintal, terrenos baldios, um cuidado ambiental, alertou a diretora de Atenção e Vigilância em Saúde da Sesa, Maria Goretti David Lopes.

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