Não é a primeira vez que a Praça Pedro Pezzarini localizada no jardim Igapó, na zona sul de Londrina, vira alvo de discussão. Em 2013, o projeto de construção de uma quadra poliesportiva no gramado utilizado como campo de futebol foi arquivado após a mobilização de moradores do bairro. Agora, o espaço volta a ganhar atenção com o posicionamento contrário dos moradores à construção de um alambrado em volta do campo de futebol. A proposta é de uma escolinha de futebol que vem utilizando o espaço para as aulas e tem o apoio da direção da Escola Municipal Maestro Andréa Nuzzi que, pela falta de estrutura no terreno, aproveita o local público para as aulas de educação física.

Imagem ilustrativa da imagem Instalação de alambrado em praça de Londrina vira alvo de discussão
| Foto: Micaela Orikasa/Grupo Folha

Os moradores contrários à proposta colocaram faixas em defesa da área de lazer pública livre de alambrado. “Esse local é um patrimônio da comunidade e a grade, com certeza, vai limitar o espaço a algumas pessoas. A alegação daqueles que querem cercar o campo de futebol é a questão da segurança. Mas eu moro aqui há mais de 50 anos e nunca houve incidente com quem frequenta aqui. Cuidar desse local e de quem o frequenta também é interesse de toda a comunidade”, afirma a moradora Teresa Mendes.

Junto com vizinhos, ela se reuniu recentemente com o presidente da FEL (Fundação de Esportes de Londrina), Marcelo Oguido, para explicar a situação. “Temos conhecimento de que o projeto já está pronto e aprovado, mas a comunidade não foi consultada. Estamos solicitando a documentação e o projeto de construção desse alambrado. A estratégia do município está equivocada e dividindo a comunidade”, garante.

A comerciante Débora Viol Pereira, que vive no bairro há mais de 20 anos, lembra das aulas de educação física no campo aberto quando estudava na Escola Andréia Nuzzi. “Esse espaço sempre foi muito bem aproveitado do jeito que está. A gente vê diariamente idosos fazendo atividade física, os indígenas que sobem até a praça para jogar futebol e as crianças correndo pela grama. Sou contra qualquer tipo de intervenção”, ressalta.

O profissional de Educação Física Raphael Fígaro Santos também é contrário à proposta. Ele utiliza o espaço para dar aulas de treinamento funcional e jiu jitsu. "Moro no bairro há 40 anos e nunca tivemos problemas de segurança como estão dizendo. Aqui é um espaço que sempre funcionou bem assim, aberto. Não vejo motivos para gastar dinheiro público com esse alambrado", destaca.

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| Foto: Micaela Orikasa/Grupo Folha

PROTEÇÃO PARA AS CRIANÇAS

Luciane Maria Paulo, moradora no bairro há 51 anos, tem dois filhos que frequentam as aulas de futebol no gramado e defende a instalação do alambrado. A justificativa é questão da segurança. “A bola invade as casas, pode quebrar vidraças, atingir outras crianças e avançar para a rua, atraindo as crianças. É perigoso”, comenta.

O fundador e diretor da Escola Desportiva Londrinense de Futebol, Luis Machado, defende que a proposta é uma melhoria para o bairro e uma proteção para as crianças. “Não queremos tirar a liberdade de ninguém. Nossa ideia não é limitar o acesso ao campo usando correntes e cadeados. As entradas serão livres”, afirma.

Machado procurou a direção da Escola Municipal Maestro Andréia Nuzzi em busca de apoio. A coordenadora pedagógica Louana Ceci Rodrigues de Castro comenta que a escola vem há muito tempo buscando um espaço adequado para as aulas de educação física dos alunos do 1° ao 5° ano do fundamental.

“Não temos espaço na escola para construção de quadra e as aulas acontecem no campo, geralmente duas vezes na semana, pela manhã e tarde. E o maior problema é na questão de segurança pelo campo ser aberto. A escola visa a segurança dos alunos e não está em confronto com a comunidade”, ressalta.

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| Foto: Micaela Orikasa/Grupo Folha

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SOLICITAÇÃO COMUM

O presidente da FEL, Marcelo Oguido, diz que o projeto do alambrado não parte da Fundação de Esportes, mas afirma que esse tipo de solicitação é bastante comum dentro da pasta. “Pensamos que acabaríamos atendendo os dois lados, da comunidade no entorno e da escola que fica em frente ao campo. Não sabia que havia moradores contrários a esse pedido e dessa forma, cheguei até a considerar a instalação do alambrado apenas na parte de trás dos gols”, diz.

Segundo ele, diante do impasse, a FEL pretende debater mais o assunto para ver os caminhos legais para uma tomada de decisão. “A gente tem que entrar em um equilíbrio. Estamos analisando e vendo o melhor para finalizar essa situação, mas garanto desde já que a proposta não cita, em nenhum momento, o uso de chaves e cadeados. O portão ficará sempre aberto e pode ser até um acesso livre, sem portão. A instalação do alambrado ia ser acrescentado à programação da pasta, mas agora vamos aguardar”, garante. Oguido não soube detalhar, no momento da entrevista, o valor do investimento para instalação do alambrado.

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