Homem confessa ter matado atendente de farmácia em Londrina
Durante audiência na Justiça, Jander Bezerra da Silva alegou que cometeu o crime por ciúmes da vítima com a sua esposa
PUBLICAÇÃO
terça-feira, 06 de maio de 2025
Durante audiência na Justiça, Jander Bezerra da Silva alegou que cometeu o crime por ciúmes da vítima com a sua esposa
Bruno Souza

O gerente de supermercado Jander Bezerra da Silva, de 29 anos, confessou a autoria do assassinato do atendente da farmácia Vale Verde William Aparecido Henrique Ferreira, 25, durante uma audiência realizada na 1ª Vara Criminal de Londrina nesta segunda-feira (5). Silva falou abertamente diante do juiz, do representante do MP (Ministério Público) e da advogada de defesa que cometeu o crime por ciúmes da vítima com a sua esposa.
O homicídio ocorreu por volta das 11h do dia 27 de fevereiro na unidade da farmácia situada na avenida Inglaterra, zona sul de Londrina. O acusado teria entrado no estabelecimento e pedido um remédio, momento em que Ferreira se virou e ele teria efetuado o primeiro disparo, que não saiu. Na sequência, a vítima teria caído e dado alguns passos para trás, quando foi atingida na cabeça e morreu na hora. O projétil ficou alojado na nuca do jovem.
Na audiência desta segunda-feira realizada por videoconferência, Silva contou detalhes das diversas mensagens que o atendente teria enviado à sua esposa, que, segundo ele, sentia-se "afobada". "Esse rapaz teve um relacionamento com ela e eu acabei descobrindo. No momento, você sabe como é quando um homem descobre, não é fácil. Não fiz nada contra o rapaz, podem ver que não há uma briga minha com ele. Eu só queria seguir a minha vida normal, com a minha esposa e meus filhos, mas o rapaz continuou mandando mensagens e insistindo", tentou justificar o acusado, esclarecendo que soube das mensagens "há bastante tempo", sem precisar data. Ele está preso desde o dia do crime e atualmente encontra-se na Casa de Custódia de Londrina.
'ME DESESTABILIZOU'
Silva afirmou que a "insistência" de Ferreira o fez agir por impulso, pois não tinha a intenção de praticar o crime. Uma suposta transferência da vítima para a mesma faculdade em que a esposa do acusado estudava teria sido o estopim. "Eu sempre trabalhei. Tenho 29 anos, com 12 anos de carteira assinada, sou cidadão de bem e nunca havia me metido com crime, mas o que me fez fazer isso com ele, igual a minha esposa relatou, [...] é que ele pediu transferência da faculdade que estava cursando para a faculdade dela. Isso me desestabilizou e me deixou sem chão", disse, em outro trecho do depoimento.
Em seguida, Silva relatou o dia que teria praticado o crime, garantindo que nada foi premeditado. "Eu surtei, saí do meu serviço, em horário de serviço, peguei a minha própria moto, sem tapar a placa ou fazer nada, e acabei com a minha família, com os meus filhos que amo. Agora estou longe deles e não é fácil não, doutor."
O juiz Paulo Cesar Roldão perguntou ao acusado quem havia cedido a arma do crime, mas Silva preferiu não responder. Ele também afirmou que leu as mensagens no celular de sua esposa, mas que ela não sabia.
HOMICÍDIO POR MOTIVO TORPE
Nove testemunhas de acusação, incluindo dois policiais, também depuseram sobre o homicídio. Após o depoimento, o MP informou a desistência do exame de material genético em um boné deixado no local do crime, que seria utilizado para identificar o autor.
No dia 8 de março, a Polícia Civil concluiu o inquérito indiciando o gerente por homicídio qualificado, assim como por tráfico de drogas, já que teria participação em um esquema de comércio de entorpecentes.
Na época, o Ministério Público ofereceu denúncia contra Silva por homicídio com motivo torpe como qualificador, “o descontentamento com o fato de sua companheira ter tido um relacionamento com a vítima”, e também com recurso que dificultou a defesa de Willian, já que o tiro foi efetuado pelas costas, surpreendendo o funcionário.
Além disso, o MP pede uma indenização de cem salários mínimos, cerca de R$ 150 mil, à família da vítima, para reparação de danos morais.
Na mesma semana a Justiça acatou a denúncia da Promotoria.
A DEFESA
A reportagem contatou a advogada de Silva, Indyanara Pini, que disse que a confissão ocorreu após orientação da defesa. De acordo com ela, o acusado está arrependido. "Ele não aguentava mais a culpa e remorso e não conseguia seguir mentindo, pensando até mesmo, agora, nas consequências que está enfrentando, privado de liberdade, longe da família e dos filhos. Informalmente, aos policiais militares, ele já havia confessado o fato, razão pela qual não era mais lógico seguir buscando novas versões", afirmou Pini.
A advogada ressaltou que a confissão, entretanto, esclarece a motivação do homicídio. "Existe, contudo, a motivação, que foi esclarecida por ele e pelas testemunhas, incluindo um amigo de Willian Ferreira, que confirmou que 4 dias antes do fato, novamente, houve conversas entre Willian e a esposa de Jander, motivando assim o trágico desfecho de uma situação de traição que, infelizmente, aconteceu", explicou, pontuando que agora a defesa busca uma penalização "mais justa".

