A proposta de acabar com a faixa exclusiva para ciclistas é uma das medidas sugeridas com o objetivo desafogar o fluxo da Ayrton Senna, principalmente nos horários de pico
A proposta de acabar com a faixa exclusiva para ciclistas é uma das medidas sugeridas com o objetivo desafogar o fluxo da Ayrton Senna, principalmente nos horários de pico | Foto: Ricardo Chicarelli - Grupo Folha

Com a possibilidade da ciclofaixa na avenida Ayrton Senna, na zona sul de Londrina, ser extinta para dar espaço a uma terceira faixa para veículos, um grupo de ciclistas está se mobilizando contra a medida. Eles pretendem se reunir nesta quarta-feira (9), às 18h30, no Aterro do Lago Igapó, para pedalar pelo local e formar um cordão de bicicletas. A ideia é mostrar a importância da ciclofaixa e demonstrar que é possível bicicletas e automóveis dividirem o mesmo espaço de forma organizada.

O anúncio sobre a mudança foi feito há pouco mais de dois meses, com o projeto sendo desenvolvido pelo Ippul (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano) e enviado à secretaria municipal de Obras e Pavimentação. A proposta de acabar com a faixa exclusiva para ciclistas é uma das medidas sugeridas com o objetivo desafogar o fluxo da Ayrton Senna, principalmente nos horários de pico. Também está previsto o fim do estacionamento em 45 graus para quem desce a avenida, criando vagas em vias paralelas.

Integrante do grupo que está promovendo a mobilização, Luciano Pagliarini destacou que o ato não é um protesto, mas, uma maneira de chamar atenção do poder público para a questão da mobilidade urbana. “Várias cidades pelo mundo estão investindo em mais espaço para bicicletas e Londrina está perdendo uma ciclofaixa para dar mais lugar a carros. É como se estivéssemos dando um passo para trás. Queremos buscar o diálogo entre as partes interessadas. Pretendemos, posteriormente, conversar com as autoridades sobre isso”, opinou, convidando outras pessoas a participarem do ato.

icon-aspas "É como se estivéssemos dando um passo para trás".
Luciano Pagliarini -

Utilizando a ciclofaixa da Ayrton Senna pelo menos três vezes por semana para ir e voltar do trabalho, Pagliarini discordou dos comentários daqueles que dizem que a faixa é pouco utilizada. “A subida é prejudicial, porém, atualmente temos bicicletas com tantas marchas que isso não é mais problema. Se ela se fosse interligada e levasse à UEL (Universidade Estadual de Londrina) e outros pontos da cidade, com certeza, muitas outras pessoas iriam usar”, apontou. “Muitos não utilizam, pois, têm medo de disputar espaço com carros”, acrescentou.

RECLAMAÇÃO

O engenheiro de transportes Carlos Prado Junior participou de uma reunião aberta ao público na semana passada sobre a ciclofaixa. “Fui como cidadão de Londrina, pois uso a bicicleta para trabalhar de duas a três vezes por semana”, comentou. Ele é docente na UEL e um dos responsáveis pelo LET-CTU (Laboratório de Engenharia de Transportes), vinculado ao departamento de Construção Civil.

Prado disse ser importante ter um estudo detalhado que confirme que a ciclofaixa está de fato sendo subutilizada. “Caso isso seja constatado, acredito que é preciso buscar outro espaço para implantação dessa ciclofaixa. Os ciclistas reclamam que já se tem pouco espaço de ciclovias na cidade e essa da Ayrton Senna é uma das mais emblemáticas porque ela é visível e não são só os ciclistas que a utilizam, mas, também quem está se deslocando para o Lago Igapó seja correndo ou andando.”

CONSTATAÇÃO

De acordo com a diretora de Trânsito e Sistema Viário do Ipuul, Denise Ziober, levantamento feito na localidade constatou que passam pela Ayrton Senna cerca de 38 mil veículos, enquanto o número de ciclistas é, em média, 53. “Pelo custo-benefício não seria um prejuízo tão grande. Demos opções para a secretaria de Obras para esta via e uma delas foi em relação à ciclofaixa”, afirmou.

icon-aspas “Pelo custo-benefício não seria um prejuízo tão grande"

A ciclofaixa na avenida Ayrton Senna foi implantada em 2015 como contrapartida por conta da construção de um shopping na região. “Esta avenida é acidentada e foi criado um polo gerador de tráfego. A opção pela ciclofaixa foi oferecer outras oportunidades que não fossem os veículos para chegar ao empreendimento”, lembrou. Londrina conta atualmente com 36 km de ciclovias existentes, além de seis quilômetros em fase de execução.

ORÇAMENTO

A secretária de Obras e Pavimentação informou, por meio do diretor de Projetos, Fernando Bergamasco, que a pasta ainda está na fase de trabalhos da viabilidade econômica e financeira do projeto para a avenida. Ele ressaltou que tudo está sendo tratado com muita responsabilidade e que ainda não há prazo para que seja colocado em prática.