Nesta semana, o acidente com o ônibus de trabalhadores que matou 11 pessoas na PR-090, em Sapopema, no Norte Pioneiro do Estado, completou dois meses. Apesar do longo período desde a tragédia, o inquérito do caso não foi concluído e segue sendo apurado pela Polícia Civil. Segundo o delegado responsável pela investigação, ainda falta a finalização do laudo do veículo por parte da Polícia Científica. A reportagem apurou que o grau de destruição do ônibus tem dificultado o trabalho dos peritos.

Apesar da investigação seguir em aberto, a Polícia Civil afirmou que tem indícios que mostram que o veículo teve uma falha nos freios e que isso teria provocado a perda de controle. “Já tomamos depoimento de todas as vítimas sobreviventes, mais de 20 pessoas. Todas disseram que durante a viagem houve um momento em que o ônibus perdeu o freio, isso segundo o depoimento de todas essas vítimas. O motorista teria alertado os passageiros de que o ônibus havia apresentado o problema mecânico e a partir desse momento o veículo passou a desenvolver uma velocidade excessiva”, afirmou o delegado André Luis Garcia à RICtv.

A informação foi corroborada pelo tacógrafo. “As imagens armazenadas pelo aparelho indicam que durante o trajeto houve uma regularidade na velocidade desenvolvida e a partir de um determinado momento, pouco antes do acidente, esse ônibus passou a aumentar a velocidade de forma inexplicável”, reforçou. “No entanto, ainda aguardamos a conclusão da perícia da Polícia Científica, que nos dirá com certeza se houve ou não falha no sistema de freios do veículo”, acrescentou.

O ônibus, que caiu numa ribanceira, transportava cerca de 30 passageiros, que haviam saído de Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul, e tinham como destino a cidade paranaense de Telêmaco Borba, onde iriam trabalhar por duas semanas no reparo de equipamentos de uma fábrica de papel e celulose. O delegado não acredita, de forma preliminar, que o motorista – que também morreu no acidente - tenha tido responsabilidade. “Pelo contrário, ao que tudo indica ele foi um verdadeiro herói, conteve a direção do ônibus durante um trajeto considerável”, destacou.

DOR DO LUTO

Viúva de Josimar Soares do Nascimento, que tinha 39 anos, a dona de casa Rosangela Silva Nascimento só recebeu os pertences do marido no começo de maio, mesma época em que completariam 15 anos de união. “Todos os dias é uma dor de perda, de sofrimento, de saber que ele não vai voltar mais. Ele era fabuloso como marido, pai, ele criou meu filho desde os cinco anos de idade. Era uma pessoa maravilhosa”, relembrou.

Josimar, que era natural de São Paulo, trabalhava como mecânico e morreu na primeira vez que iria prestar serviços para a empresa Engemec, que tem sede em Três Lagoas. “Gostaria de ter uma solução para esse caso, para saber quem foi o responsável por isso. Porque para eu perder meu marido foi muito difícil, ele era o alicerce de casa”, cobrou.

NEGLIGÊNCIA

A expectativa do delegado é que o inquérito seja concluído em até 30 dias. “O ônibus pertence à empresa, que é prestadora de serviços no Mato Grosso do Sul. Não havia registro do ônibus (na Agência Nacional de Transportes Terrestres), não havia autorização para fazer viagens entre os estados, nem o ônibus, nem o motorista. Tudo isso nos leva a acreditar que de fato houve negligência por parte dos proprietários da empresa”, pontuou André Luis Garcia. A reportagem não conseguiu contato com a Engemec.

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