Estiagem aumenta riscos de queimadas em Londrina
Cidade está sem um volume de chuvas significativo há 25 dias; seca deve continuar nas duas primeiras semanas de agosto
PUBLICAÇÃO
terça-feira, 30 de julho de 2019
Cidade está sem um volume de chuvas significativo há 25 dias; seca deve continuar nas duas primeiras semanas de agosto
Simoni Saris - Grupo Folha

Londrina está há 25 dias sem um volume de chuvas significativo. A maior precipitação ocorreu nos dias 4 e 5 de julho, com o registro de pouco mais de 30 milímetros, e no último dia 16 uma chuva fraca deixou um acumulado de apenas 2,8 milímetros. A estiagem deve se estender pelos próximos dias e julho deve terminar com índice pluviométrico de 61,6 milímetros, dez a menos do que a média para o mês, de 71,5 milímetros. Além dos prejuízos à qualidade do ar e à saúde da população, a baixa umidade causada pela seca também favorece a ocorrência de queimadas que colocam em risco a segurança dos moradores do entorno.
Durante os meses de inverno, quando a ocorrência de chuvas é menor, a população deve ficar ainda mais atenta e não atear fogo em lixo e em resíduos resultantes de capina e roçagem, tanto na zona urbana quanto na zona rural. Um levantamento do 3º Grupamento de Bombeiros, em Londrina, aponta 526 atendimentos a casos de incêndio ambiental, de janeiro a julho de 2019. Desse total, 54% foram focos de incêndio em terrenos baldios iniciados pela ação humana.
Segundo o setor de Comunicação Social da corporação, registros do tipo são intensificados entre os meses de junho e outubro, quando a umidade relativa do ar é menor. No último trimestre, os bombeiros de Londrina registraram 245 ocorrências, 112 delas somente em junho.
SUSTO
No domingo (28), os moradores do conjunto Ernani Moura Lima (zona leste) ficaram assustados com o fogo que tomou conta de parte de um terreno vazio na avenida Jamil Scaff. As chamas se espalharam rapidamente e produziram uma fumaça espessa. Os bombeiros tiveram de intervir para controlar o fogo. O incêndio não causou maiores danos, mas a segunda-feira foi dia de limpeza na casa de muita gente.
“As pessoas não têm consciência. Colocam fogo no mato e não estão nem aí. Além de sujar toda a casa, ainda faz mal à saúde”, reclamou a dona de casa Maria Jandira de Jesus. “Eu não estava em casa na hora, mas estava perto. Quando vi o fogo começando, corri para cá para fechar tudo e recolher a roupa que estava no varal. Mas o cheiro da fumaça estava forte e ainda está até agora. Encheu minha casa de fuligem e depois que acaba a fumaça, vem um monte de insetos. É horrível. Isso sempre acontece aqui nesse terreno”, comentou enquanto lavava o quintal.
“De vez em quando colocam fogo nesse terreno, mas ontem foi muito fogo. Dá medo que venha para a casa da gente. Fora a sujeira que faz. Ontem todo mundo já teve que limpar um pouco as casas porque tinha muita fuligem. Hoje a gente está limpando de novo. É sempre assim. As pessoas deveriam tomar mais cuidado porque mexer com fogo nesse tempo seco é muito perigoso”, disse a aposentada Estela Rosana Souza Pianelli.
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BLOQUEIO ATMOSFÉRICO
O Simepar (Sistema Meteorológico do Paraná) prevê queda brusca na temperatura para o próximo fim de semana, com mínima de dois graus para o domingo. Mas a estiagem deve se estender pelas duas primeiras semanas de agosto. A meteorologista do Iapar (Instituto Agronômico do Paraná), Angela Beatriz Costa, explicou que um bloqueio atmosférico impede a frente fria que está no Rio Grande do Sul de avançar até o Paraná. “Vai predominar a condição seca, com predomínio de sol nos próximos dias”, disse ela, ressaltando que agosto costuma ser um mês marcado pela seca.
GRUPO DE COMBATE
Os incêndios ambientais podem ser provocados por motivos naturais, como queda de raio ou combustão espontânea. Mas a ação do homem é um fator importante. Fogueiras mal apagadas, descarte de cigarros em locais inapropriados, queima de entulho, descuido na queima para limpeza de terrenos e quedas de balões acesos podem desencadear um incêndio ambiental. “Por isso é extremamente importante termos consciência em nossas atitudes para que não ocorram incêndios”, alertou o oficial de Comunicação Social do 3º Grupamento dos Bombeiros, tenente Weslley Xavier de Souza Araújo. “O incêndio ambiental irá se extinguir sozinho após consumir toda a matéria orgânica presente em sua trajetória, mas dependendo da direção do vento e da quantidade de combustível, pode demorar dias e consumir milhares de metros quadrados de área vegetal.”
Nessa época do ano, o Corpo de Bombeiros do Paraná forma o GCIF (Grupo de Combate a Incêndio Florestal), uma equipe especializada no combate a incêndios ambientais, mas a população pode ajudar ao se deparar com uma ocorrência do tipo. Se o foco ainda estiver pequeno, até 30 centímetros de altura, é possível apagar o fogo com água ou abafadores feitos de galhos de árvores. Mas se o fogo já estiver alto ou consumindo uma grande extensão de vegetação, deve-se acionar a corporação, no número 193.
SANÇÕES PENAIS
O Corpo de Bombeiros lembra ainda que a lei 9.605/1998 prevê sanções penais e administrativas para quem causar danos ambientais. Conforme o artigo 41 da lei, provocar incêndios em mata ou floresta é crime, inclusive involuntariamente. A pena prevista é reclusão de dois a quatro anos e pagamento de multa. A mesma lei também prevê detenção de um a três anos e multa para quem fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam gerar incêndios.

