A Polícia Civil cumpriu na manhã desta quarta-feira (15) seis mandados de busca e apreensão em endereços ligados a uma associação esportiva de Londrina que trabalha com pessoas com deficiência. Foram apreendidos documentos, celulares e notebooks, que serão periciados. A entidade é suspeita de desviar verba pública recebida por meio do Feipe (Fundo Especial de Incentivo a Projetos Esportivos), programa da FEL (Fundação de Esportes de Londrina).

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Estão sendo investigados a coordenadora do projeto e o ex-companheiro dela, que é um educador físico que atuava na associação. “A suspeita é de que eles se utilizaram (de documentos) para justificar gastos de prestação de serviços dessa entidade. Fizemos a apreensão para confirmar as suspeitas iniciais, se a associação recebeu durante 2022 verba pública justificando, pelo menos, parte desse valor com serviços que não foram prestados ou que seriam prestados por essa outra pessoa que foi alvo”, explicou o delegado Thiago Vicentini, responsável pelo Núcleo de Combate à Corrupção na cidade.

As irregularidades teriam acontecido no primeiro semestre do ano passado. Foram identificadas, pelo menos, cinco notas fiscais “frias”, mas os valores não foram divulgados. No ano passado a entidade foi contemplada com R$ 95 mil do programa em três modalidades. “Estamos apurando os crimes de falsidade ideológica, que é a inserção de conteúdo ou conteúdo inverídico em um determinado documento público ou particular, e crime de peculato, que é o desvio ou a apropriação de coisa pública, no caso os valores”, destacou.

DENÚNCIA

A denúncia sobre o suposto esquema foi feita pelo educador físico, que foi técnico do time de basquete sobre rodas durante três anos, deixando a função em dezembro de 2021. “Ela emitiu nota fiscal no meu nome e para não me prejudicar fui na delegacia e fiz o BO (Boletim de Ocorrência)”, relatou Vanderson Silva Bonifácio, que supostamente teria repassado R$ 5 mil para a ex-companheira. “Ela falou que iria fazer um depósito para mim, peguei e devolvi para ela”, afirmou.

Bonifácio disse que não desconfiou do motivo dos repasses, mas que desconfiava que não teria origem lícita. Segundo a Polícia Civil, o profissional teria ficado com parte do dinheiro, o que ele nega. “Ela tinha todos os meus dados, fiquei três anos como técnico do time de cadeira de rodas, ficamos 15 anos casados, ela tinha acesso a todas minhas informações. Achei estranho porque não tinha mais vínculo com ela. Fui na FEL e me falaram que estava como técnico, em abril do ano passado, mas não sabia”, argumentou.

CONVÊNIO CANCELADO

Nenhum agente público é investigado atualmente ou foi alvo da operação. “É uma associação com fim legítimo e esperamos que tenha sido um fato isolado, que não pode macular essa entidade sem fins lucrativos. A investigação não acabou, é apenas uma fase, e, com certeza, vai engrossar pelo tanto de documentação e mídias apreendidas. Se chegar nesse ponto (de ter agente público) teremos que identificar para que venha também a responder pelos atos”, ressaltou o delegado.

Em nota, a FEL informou que, ao receber a denúncia, no ano passado, cancelou o convênio da associação, solicitou a devolução dos recursos e também encaminhou toda documentação para as autoridades policiais para investigação. A reportagem não localizou a coordenadora do Instituto Pernas Preciosas.

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