Por meio da SMS (Secretaria Municipal de Saúde), a prefeitura de Londrina lançou a campanha “Londrina sem Dengue – sua ação salva vidas” na manhã desta quinta-feira (06), na sede da UBS (Unidade Básica de Saúde) do Panissa/Maracanã, localizada na zona oeste do município. A campanha integra o Plano de Ação contra a Dengue 2025, apresentado para o secretariado municipal no dia 27 de janeiro, e que busca reduzir os casos da doença em Londrina.

Dados do período epidemiológico atual, iniciado em 1º de janeiro de 2025, mostram que até esta terça-feira (04) foram notificados 2.027 possíveis casos de dengue em Londrina, com 167 confirmados, 1.191 descartados e 669 ainda em análise. Nenhum óbito foi registrado até o momento, porém, a circulação do sorotipo 3 deixa o município em estado de alerta.

A região do Conjunto Panissa é, atualmente, a área de maior incidência da dengue na cidade. Por conta da divisa com Cambé, o município vizinho foi convidado a ser parceiro na campanha, com apoio do prefeito Conrado Scheller (PSD).

Esforço intermunicipal

Em entrevista coletiva durante o lançamento, o prefeito de Londrina, Tiago Amaral (PSD), afirmou que um dos objetivos da mobilização é mostrar para a comunidade a importância do esforço intermunicipal, visto que “não adianta o serviço ser feito em Londrina e deixar Cambé de lado. Somos um só povo, uma só região, e o mosquito não respeita a fronteira de cidade”. Amaral garantiu que este trabalho em equipe é uma estratégia permanente, com atuação nas duas frentes para obtenção de resultados positivos.

O lançamento da campanha contra a dengue contou com a presença de autoridades de Londrina e Cambé,
O lançamento da campanha contra a dengue contou com a presença de autoridades de Londrina e Cambé, | Foto: Vivian Honorato/N.com

O prefeito também falou sobre a possibilidade de contratação temporária de agentes endêmicos, reforçando a prioridade para servidores efetivos. “Se, eventualmente, nós tivermos que lançar mão de trazer também o PSS (Processo Seletivo Simplificado), chamar os concursados que estão aptos, nós faremos, porque o que importa de verdade é o resultado, é cuidar das pessoas”, explicou Amaral.

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Em entrevista, Conrado Scheller apelou à população para que “faça a sua parte”. Afirmou que este pedido é essencial para que as ações em conjunto das prefeituras repercutam, e assim, os órgãos possam pedir ajuda aos governos Estadual e Federal.

“Nós estamos aqui hoje fazendo a campanha no Dia D de Combate à Dengue, mas nós não vamos vencer essa batalha só com o nosso pessoal tirando tampinha de garrafa da casa das pessoas e limpando o terreno vazio. As prefeituras estão praticamente sozinhas nessa batalha. A gente vai nas casas, vai dar saquinho de lixo, vai conscientizar as pessoas, mas até quando? Nós fazemos isso e não está dando resultado efetivo”, criticou Scheller.

Segundo o prefeito de Cambé, o governo federal tem “capacidade financeira e orçamentária” para investir em tecnologias combativas à doença. Como exemplo, citou a liberação de mosquitos estéreis na natureza, que não picam e não se reproduzem. A iniciativa foi oferecida ao município em forma de teste, mas com custo mais alto do que o cabível no orçamento da cidade. “Ia ficar R$ 2 milhões para a prefeitura pagar, eu já gasto 32% do meu orçamento, e eu tinha que gastar só 15%. Quantas vezes mais eu vou ter que ficar fazendo o papel do governo federal?”, questionou.

Atividades até o fim de semana

As pessoas que compareceram ao lançamento da campanha puderam conferir uma exposição interativa, que demonstrou os principais criadouros do Aedes aegypti e como eliminá-los. Cuidados com animais peçonhentos, como escorpiões, aranhas e cobras também foram temas da ação, reforçando a necessidade de manter os ambientes limpos. Cartazes com acesso a conteúdos digitais sobre prevenção e controle da dengue foram distribuídos até às 13h, com o fim da exposição.

Exposição mostrou criadouros do Aedes aegypti e falou de cuidados com animais peçonhentos, como escorpiões, aranhas e cobras
Exposição mostrou criadouros do Aedes aegypti e falou de cuidados com animais peçonhentos, como escorpiões, aranhas e cobras | Foto: Heloísa Gonçalves

Após o pronunciamento das autoridades presentes, incluindo Vivian Feijó, coordenadora do Plano de Ação contra a Dengue e futura secretária municipal de Saúde de Londrina, que assume o cargo oficialmente no dia 6 de março, foi iniciada uma mobilização nos bairros João Turquino e Maracanã.

As moradias recebem, entre hoje e sexta-feira (07), Agentes de Combate às Endemias e Agentes Comunitários de Saúde. Os servidores orientam os residentes sobre a eliminação de possíveis criadouros do mosquito Aedes aegypti, realizam a pulverização espacial de inseticidas (UBV costal) em áreas com alta incidência de transmissão e casos notificados, e entregam sacos para o descarte correto de materiais que possam acumular água, que serão recolhidos no sábado (8) por caminhões da CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização de Londrina).

Conscientização da comunidade

Neuci dos Passos Oliveira, dona de casa e moradora do Conjunto João Turquino, acompanhou a estreia da “Londrina sem Dengue – sua ação salva vidas”. À FOLHA, contou que a iniciativa “é muito importante para o bairro”, e que faz sua parte para prevenir a doença onde mora. “Nós devemos nos juntar mais, cuidar do conjunto, porque é muita dengue, sujeira e lixo na rua. Onde eu vou e vejo um copo com água, uma vasilha no meio da rua, eu vou lá e jogo fora, tiro da rua”, descreveu a idosa.

Neusa Martins Fernandes é aposentada e vive no Jardim Sabará III, também na zona Oeste da cidade. Ela relatou à FOLHA que considera a conscientização da comunidade essencial para que os casos de dengue diminuam, e que se esforça para evitar focos da doença em sua casa. “É tudo concretado. Têm umas plantinhas lá, mas têm areia no fundo”, explicou. Tanto Neuci como Neusa foram acometidas pela dengue nos últimos anos, tendo realizado o tratamento, respectivamente, na UBS do Panissa/Maracanã e na Unidade de Pronto Atendimento Sabará.

Plano de Ação contra a Dengue 2025

A campanha lançada quinta-feira (06) faz parte de um plano de três fases para o combate da dengue em Londrina neste ano. A primeira etapa é “Prevenção e Monitoramento", que inclui uso de drones para identificar áreas de difícil acesso com possíveis criadouros do mosquito, como lajes, calhas e terrenos baldios. A fase 2 é a “Atenção Primária”, que engloba ampliação do horário de atendimento das UBSs para até 23h e aumento das equipes de Agentes Comunitários de Saúde, se necessários. Por último, a Fase 3 é a “Rede de Urgência e Emergência", para atender os casos da doença. (Com N.Com)