Plano de Londrina contra dengue inclui drones, armadilhas e agentes temporários
Propostas foram divulgadas na segunda-feira (27), durante lançamento de campanha municipal para conter a proliferação do Aedes aegypti
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segunda-feira, 27 de janeiro de 2025
Propostas foram divulgadas na segunda-feira (27), durante lançamento de campanha municipal para conter a proliferação do Aedes aegypti
Luís Fernando Wiltemburg - Redação Bonde

A Secretaria Municipal de Saúde vai aumentar o número de armadilhas para o Aedes aegypti, usar drones para fiscalizar possíveis focos de reprodução em locais em que o acesso é impossibilitado e avalia até contratar agentes de combates a endemias temporários para combater a dengue em Londrina.
As informações foram dadas pelo prefeito Tiago Amaral (PSD) e pela futura secretária de Saúde, Vivian Feijó, no lançamento da campanha “Londrina Sem Dengue – Sua Ação Salva Vidas”, apresentada a secretários e servidores na manhã desta segunda-feira (27). “Eu, como muitos londrinenses, fico indignado com Londrina liderando, infelizmente, esse número de casos, a quantidade de mosquitos, a quantidade de vetores. Isso não podemos aceitar.”
De acordo com Vivian – ainda superintendente do HU (Hospital Universitário) de Londrina e coordenadora da ação contra a dengue -, o plano de contingência elaborado desde o ano passado, ainda no período de transição entre governos municipais, prevê monitoramento e prevenção, intensificação das ações assistenciais e ampliação da capacidade de atendimento em casos graves.
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“Já estamos em um momento de transmissão sustentada, com mais de 700 notificações e 96 casos confirmados em Londrina, incluindo 11 do sorotipo dengue 3, que pode causar sintomas mais graves. Nosso objetivo é agir antes que os números aumentem de forma preocupante”, afirma Vivian Feijó.
Armadilhas e drones
A fase de monitoramento e prevenção terá a ampliação das armadilhas para os mosquitos das atuais de 1.014 para 1.200 unidades. O artefato é uma peça importante para monitorar a densidade vetorial do Aedes aegypti. Além disso, uma parceria com o laboratório de biologia da UEL (Universidade Estadual de Londrina) permitirá análises genéticas dos mosquitos para direcionar ações de combate com maior precisão.
Outra novidade é a aplicação de drones para monitorar áreas de difícil acesso, como terrenos abandonados e imóveis fechados. Porém, devido ao reduzido número dos equipamentos disponíveis – A CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização) tem dois e a Londrina Iluminação tem um, enumera - , a tecnologia será utilizada, inicialmente, em regiões com maior índice de criadouros. “Se os resultados forem positivos, poderemos ampliar o uso dos drones com parcerias ou até contratação de empresas especializadas”, explica a futura secretária.
Os equipamentos vão entrar em ação a partir de fevereiro, em locais de difíceis acesso para as equipes, segundo o prefeito Tiago Amaral. “Temos que chegar até os quintais de casas que, eventualmente, não tenham pessoas, que estejam inacessíveis [para as equipes de combate a endemias]. Então, para que a gente não fique dependendo da pessoa estar em casa para salvar aquela comunidade, salvar os vizinhos daquele imóvel, faremos a utilização de drones”, explica.
"Dia D Contra a Dengue"
Outra etapa da ação de combate à doença é a conscientização da população. No dia 7 de fevereiro, será promovido o “Dia D Contra a Dengue”, com mutirões de limpeza envolvendo a prefeitura, escolas, órgãos públicos e entidades religiosas. A intenção é incentivar os cidadãos a cuidarem de seus quintais e comunidades, eliminando focos de água parada.
A implantação do método Wolbachia também apresenta resultados, avalia a coordenadora da campanha. O nome se refere a uma bactéria que não está presente naturalmente no Aedes, mas que, ao infectar o vetor transmissor, impede o desenvolvimento do vírus da dengue, zika e chikungunya. O método, portanto, é a liberação de mosquitos infectados em laboratório para que transmitam aos que estão nos ambientes.
Implementado no ano passado, os mosquitos com wolbachia já estão presentes em 60% de Londrina e Vivian acredita que pode chegar, ainda neste ano, a até 80% da área.
Agentes de saúde temporários
Um dos principais desafios que a Secretaria de Saúde enfrenta é a defasagem no número de servidores. Segundo Vivian, durante a fase de transição, foram identificados 1.500 funcionários a menos do que o necessário – somente de agente comunitários de saúde, seria preciso ter mais 109 para colocar o plano de combate à dengue em ação.
“Faltam ACS (agentes comunitários de saúde), faltam agentes de endemia, faltam enfermeiros, médicos, e nós fizemos um abraçamento das atividades. Conversei com o prefeito hoje (segunda-feira) sobre a possibilidade de um contrato temporário, emergencial, para atender a dengue. Sabemos, sim, que há concurso, mas não há tempo hábil de contratação. A dengue está posta, os números ainda estão controlados, não tem alarme, mas tem muita atenção e preocupação. Então, para isso, a gente precisa de uma alternativa rápida”, justifica.
Terrenos baldios com mato alto
Ainda durante o lançamento da campanha municipal contra a dengue, o prefeito Tiago Amaral alertou que a administração municipal vai tomar medidas mais rígidas contra proprietários de terrenos baldios que não fizeram a limpeza dentro do prazo estabelecido, até o dia 18 deste mês. A determinação busca combater o avanço do mato alto e evitar a proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor de doenças como dengue, zika e chikungunya.
“Tudo o que já foi comunicado à população e pedido como engajamento será seguido de responsabilizações firmes. Eu costumo priorizar o diálogo e o pedido inicial, mas, caso não haja adesão, entraremos com punições. Não podemos permitir que o descaso de alguns afete toda a comunidade”, disse.
Segundo o prefeito, os responsáveis por terrenos em situação irregular estarão sujeitos a multas e outras medidas previstas em lei, que serão aplicadas de forma rigorosa. A intenção é garantir que o problema seja enfrentado com seriedade e que a comunidade não seja prejudicada pela falta de comprometimento de alguns contribuintes.
Além disso, Tiago Amaral reforçou o planejamento da administração municipal para intensificar as ações de limpeza em locais públicos e promover mutirões nos bairros. O cronograma, que será iniciado a partir do dia 7 de fevereiro, contará com a participação de diversas secretarias e focará nos pontos mais críticos identificados pelas equipes de saúde.
No dia 3 de janeiro, a Prefeitura de Londrina notificou os proprietários de terrenos no perímetro urbano a executarem os serviços de conservação, limpeza e roçagem dos imóveis dentro do prazo de 15 dias. A notificação vale, também, para área de calçadas e segue vigente para todo o ano de 2025.
Os terrenos que forem flagrados sem a devida manutenção estão sujeitos a multa de R$ 2 por metro quadrado não roçado, além de arcar com o pagamento do corte do mato efetuado por servidores, ao qual recai uma taxa de administração de 10% sobre o custo dos serviços prestados.

