As inscrições para o Vestibular 2022 da UEL (Universidade Estadual de Londrina) terminam às 23h59 do dia 3 de novembro, mas o baixo volume de inscritos até o momento aponta para a possibilidade de queda de até 35% do número de candidatos em relação à edição anterior, segundo estimativa da professora Sandra Regina de Oliveira Garcia, titular da Cops (Coordenadoria de Processos Seletivos).

Imagem ilustrativa da imagem Desânimo e crise econômica afetam inscrições para vestibular da UEL
| Foto: Isaac Fontana - FramePhoto - Folhapress

Desde 2015 (com exceção de 2019) os concursos têm tido mais de 21.800 candidatos, sendo que em 2017 beirou os 23 mil e, em 2021, ultrapassou os 27 mil. Contudo, a pandemia de coronavírus tem atrapalhado a rotina de aprendizado dos alunos do ensino médio, que precisaram ficar pelo menos um ano e meio assistindo aulas pelo ensino remoto - o que presenta metade do curso.

ENSINO REMOTO

“Há um desânimo por parte dos estudantes em relação ao preparo para fazer um vestibular. Nós estamos colocando isso como uma das hipóteses. A outra hipótese é que o Brasil está passando por uma grave crise econômica e isso está impactando também os estudantes.” Garcia apontou que uma grande parcela tem colocado os estudos em segundo plano e foi para o mercado de trabalho para poder contribuir com as suas famílias.“ Outro fator em relação também à questão da crise econômica é que, ao contrário dos anos anteriores, muitos não fazem mais vários vestibulares em todo o Brasil - optam por realizar apenas uma inscrição do vestibular. "Essa é uma hipótese que a gente levanta também de que os candidatos estão fazendo um vestibular regional.”

Questionada se isso teria impacto na maneira como a prova seria elaborada, Garcia afirmou que o fato de os estudantes terem passado por dificuldades para acompanhar as aulas do ensino remoto será levado em conta. “É claro que aprender a lidar com a tecnologia no meio de um processo não é muito fácil. Muitos professores não tinham experiência de trabalhar com isso e tentaram fazer isso de todas as maneiras possíveis, mas não deixa de ter um distanciamento do estudante em relação ao seu processo de ensino aprendizagem."

"A UEL, por exemplo, conseguiu passar emprestado para os alunos que não tinham acesso à internet os instrumentos que foram doados, como tablets e telefones celulares. Nesse quesito houve um movimento da sociedade inclusive para nos ajudar nesse sentido", esclarece a coordenadora. "Mas a educação pública básica não teve isso. Muitos estudantes tiveram que se virar. Então havia algumas casas que tinham um celular com três alunos ou que nem tinham acesso à internet. Isso ficou por conta da própria família. Claro que isso impacta."

Ela ressaltou que foi criada uma lacuna na aprendizagem. "A gente sabe que nos próximos anos isso afetará tanto a educação básica como o ensino superior. Nós não estamos pensando só na prova do vestibular, mas também nos ingressantes dos cursos na universidade. Como é que vai ser o trabalho em relação ao preparo para receber esse aluno que teve uma lacuna no seu processo de aprendizagem?", ressaltou.

Segundo ela, a prova do vestibular já foi pensada assim desde o ano passado, com um modelo mais enxuto. "A gente não está dizendo que a prova é ‘mais fácil’, mas é uma que está entendendo o momento que nós estamos vivendo." O vestibular será realizado em um único dia, dividida em duas partes: questões objetivas e redação, uma produção textual em prosa.

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DIFICULDADE GRANDE

O professor Márcio André, presidente da APP- Sindicato Londrina, concorda que há um desânimo geral. "A gente está sentindo isso aqui nas escolas e é uma dificuldade grande deles retornarem ao ritmo normal, mas eu penso que era esperado, depois de quase dois anos de pandemia”, explica. “Vai ser um processo lento e gradual, que a gente vai ter que ter muita paciência e trabalhar com muita humanidade para resgatar essa turma toda aí de volta."

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