A Sesp (Secretaria Estadual de Segurança Pública do Paraná) informou, na manhã desta quarta-feira (21), que o Deppen (Departamento de Polícia Penal do Estado do Paraná) instaurou procedimento interno para apurar a morte do autor do ataque à Escola Estadual Professora Helena Kolody, emCambé (Região Metropolitana de Londrina), que resultou na morte de dois adolescentes, na última segunda-feira (19).

O assassino de 21 anos havia sido preso no dia do crime e encaminhado à Casa de Custódia de Londrina. Na noite de terça-feira (20), foi encontrado morto na unidade prisional. As condições em que ocorreu a morte não foram divulgadas nem se ele estava em uma cela separada dos demais presos.

Segundo a Sesp, a Polícia Civil do Paraná também iniciou investigação para apurar as circunstâncias da morte.

Em nota, a DPR-PR (Defensoria Pública do Paraná) disse que o Nupep (Núcleo de Política Criminal e Execução Penal) da instituição enviará ofício à Sesp para acompanhar a apuração da morte do atirador. Coordenado pela defensora pública Andreza Lima de Menezes, o Núcleo informou que segue o protocolo usado em todos os casos de mortes no sistema penitenciário do Estado, mas não deu detalhes sobre os procedimentos que serão adotados. O Nupep é o órgão da instituição com atribuição estadual responsável pela fiscalização das condições no sistema penitenciário.

A Defensoria informou ainda que acompanha os desdobramentos relacionados ao ataque na escola em Cambé e a equipe do órgão em Londrina e no município vizinho, coordenada pela defensora pública Francine Faneze Borsato Amorese e pelo Nudij (Núcleo da Infância e da Juventude), trabalha na assistência jurídica, social e psicológica das famílias das vítimas e da comunidade escolar.

O coordenador estadual do Movimento Nacional dos Direitos Humanos, Carlos Enrique Santana, disse que o órgão só atua se for acionado pela família do assassino.

OAB

Com base em sua experiência como advogado criminalista em Londrina, o diretor-secretário geral da subseção Londrina da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), José Carlos Mancini Júnior, não acredita que tenha havido falha do sistema prisional, que tem o dever de garantir a integridade física dos detentos sob sua custódia.

Segundo ele, há um protocolo seguido rigorosamente pelos agentes da polícia penal do Estado para evitar atos de violência dentro das unidades. Uma das medidas é não permitir que o preso permaneça na cela com cintos, cadarços ou outros objetos que possam facilitar a prática do suicídio, por exemplo.

CRIMES DE GRANDE REPEERCUSSÃO

Em casos em que o crime tem grande repercussão, como o ocorrido na escola em Cambé, os presos também são mantidos em locais isolados dos outros detentos, os chamados "seguros", para garantir a integridade física deles e protegê-los das "leis dos presos", implacáveis em relação a alguns tipos de delitos.

"Manter o preso afastado da massa carcerária é um procedimento padrão seguido à risca pelo Deppen do Paraná. Não acredito que tenha havido negligência ou desídia por parte dos agentes e da polícia penal que cuida da unidade, até mesmo pelo horário em que o corpo foi encontrado (23 horas), o que demonstra que há uma vigilância perene", disse Mancini.