O atirador de 21 anos que assassinou dois adolescentes no ataque contra o colégio estadual Professora Helena Kolody, em Cambé (Região Metropolitana de Londrina), foi encontrado morto na cela da Casa de Custódia de Londrina, no final da noite de terça-feira (20). Após trabalho preliminar da Polícia Científica no local, o corpo foi levado para o IML (Instituto Médico Legal). A causa da morte não foi divulgada.

A FOLHA procurou a direção do IML na cidade e foi informada que apenas a Sesp (Secretaria de Estado da Segurança Pública) iria se manifestar. Em nota, a secretaria afirmou que o "Deppen (Departamento de Polícia Penal do Estado do Paraná) instaurou procedimento interno para apurar o caso e que a Polícia Civil também iniciou investigação para esclarecer as circunstâncias do ocorrido”. O delegado-chefe da 10ª Subdivisão Policial, Fernando Amarantino Ribeiro, e o delegado de Homicídios, João Reis, estiveram na unidade na manhã desta quarta-feira (21).

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De acordo com o advogado da família, o jovem estava num espaço isolado, que não era o denominado “seguro” e nem a carceragem onde ficam os demais detentos. Outra pessoa era mantida neste mesmo lugar. Seria o rapaz de 21 anos que foi preso suspeito de ajudar a organizar o atentado. “Não tinha relação de confusão e nem animosidade entre ambos. Foi a fatalidade dele estar com esse objetivo”, comentou Marcelo Gaya, citando a possibilidade de suicídio.

Delegado-chefe da 10ª Subdivisão Policial, Fernando Amarantino Ribeiro, e o delegado de Homicídios, João Reis, estiveram na unidade na manhã desta quarta-feira
Delegado-chefe da 10ª Subdivisão Policial, Fernando Amarantino Ribeiro, e o delegado de Homicídios, João Reis, estiveram na unidade na manhã desta quarta-feira | Foto: Pedro Marconi

O jovem, que é ex-aluno da escola, estava preso desde a manhã da última segunda-feira, quando aconteceu o crime. Segundo a Polícia Civil, ele confessou em depoimento que a intenção era tirar a vida do maior número de pessoas e na sequência se suicidar, no entanto, não teria conseguido recarregar a arma para concretizar o objetivo. Declarou ainda que fez o ataque como vingança pelo suposto bullyng que sofria na época em que era estudante, há nove anos.

‘MENTOR INTELECTUAL’

Gaya disse que assumiu o caso na manhã de terça-feira e que recebeu da família um diário com anotações do atirador, que deverá ser entregue à Polícia Civil. “Na reunião com a família alguns documentos foram passados, nomes de médicos e me convenci a assumir o processo ao ver o sofrimento da família e que o rapaz tinha problema de longa data, desde os quatro anos de idade. A partir desta idade passou a tomar medicamento controlado. Neste material (diário) tinha intenção suicida.”

O defensor destacou que teve apenas um contato, e de forma rápida, com o jovem. Na conversa, de acordo com o advogado, ele relatou que supostamente teria um mentor intelectual do ataque. “Ele disse que tinha que dar uma resposta para o Estado e que tinha um mentor. Falou que estava tendo alucinações, vendo coisas, estava há dois dias sem medicamentos. Agora, se (o mentor) é a pessoa que estava no X (preso com ele) ou não é a polícia que vai ver lá na frente”, ponderou.

SEM RELAÇÃO COM AS VÍTIMAS

O atirador também confirmou que não tinha relação com as vítimas. “Ele me falou: doutor, eu escolhi o mais alto e a mais bonita. Não era para eu estar aqui”, destacou. Karoline Alves, de 17 anos, foi enterrada na tarde de terça-feira. O namorado dela, Luan Augusto, de 16 anos, foi sepultado na manhã desta quarta, também no cemitério municipal de Cambé.

Atualizada às 12h27

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