Uma estudante de 17 anos morreu e um aluno de 16 ficou ferido na cabeça em um ataque a tiros na manhã desta segunda-feira (19), no colégio estadual Professora Helena Kolody, no centro de Cambé (Região Metropolitana de Londrina). O adolescente que sobreviveu foi encaminhado em estado gravíssimo inicialmente à Santa Casa da cidade e na sequência transferido ao HU (Hospital Universitário) em Londrina. Ele passará por procedimento cirúrgico durante a tarde.

De acordo com a Seed (Secretaria de Estado da Educação), o atirador é um rapaz de 21 anos, ex-aluno da escola. Ele foi contido e acabou preso em flagrante com mais de 40 munições. A pasta informou que ele procurou a unidade com a alegação de que precisava do histórico escolar, por volta das 9h.

"Ele pediu para ir ao banheiro, onde trocou de roupa. Saindo do banheiro passou a efetuar disparos no corredor e foi até os fundos, onde tinha estudantes em atividade de educação física", afirmou o secretário de Estado da Segurança Pública, coronel Hudson Leôncio Teixeira, em entrevista coletiva em frente ao colégio. Karoline Verri Alves, a vítima fatal, era coroinha na paróquia Santo Antônio de Cambé.

A professora de português Nara Cordeiro contou que estava iniciando a segunda aula quando os ouviu os disparos. "Parecia que era bombinha, mas começou a se intensificar e, como a nossa sala fica perto da saída, eu liberei os alunos", declarou. "Muitos saíram desesperados pelas ruas, sem rumo, porque não sabíamos onde estava o atirador. A vontade era de voltar para ajudar os alunos, mas também tinha que proteger os que estavam saindo e a própria. vida. Nessa hora bate um desesperado grande. A preocupação é sempre proteger, porque enquanto professor, esse é o nosso papel também", destacou.

O quarteirão onde fica o colégio foi completamente isolado e muitos pais foram preocupados atrás de informações dos filhos. Uma aluna contou que o jovem disparou pelas janelas. "Quase acertou em mim, foi desesperador", relatou, enquanto era acalmada por amigos.

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'VOCÊS ME JOGARAM NO LIXO'

Uma mulher, que mora a cerca de 100 metros do colégio, comentou que ouviu barulhos de batidas e muitos alunos gritando. Ela disse ter estranhado a situação, já que ainda não era o horário habitual do intervalo. "Abri a janela e uma menina estava na esquina gritando que teve um tiroteio na escola", explicou. Segundo ela, muitas crianças se machucaram ao pular o muro da escola para uma casa vizinha.

Um aluno de 17 anos relatou que ouviu o rapaz dizer "vocês me jogaram no lixo e fizeram bullying comigo" antes de começar a atirar. O estudante disse que viu os disparos em direção à sala de aula em que ele estava. "Quebrei a janela da sala, saí e pulei o muro."

A mãe deste aluno comentou que ficou sabendo do tiroteio após o filho ligar para ela. Por conta do nervosismo, pediu para o cunhado levá-la ao colégio. Quando chegou, viu o filho escondido próximo ao muro do colégio. "Mesmo com o meu filho ali do lado, o desespero continuou porque tinham mais crianças do lado de dentro, pais chorando. É algo que não tem como explicar", afirma.

Pouco depois das 12h, os professores foram liberados pela PM para entrar na escola e pegar seus pertences. Ainda não é permitido o ingresso dos alunos, que serão avisados pelas redes sociais da escola.

APP-Sindicato

Elizabete Almeida Dantas, diretora estadual da APP Sindicato, afirmou que as escolas deveriam ter mais segurança, mas não por meio de policiamento dentro da escola. "O policial não foi feito dentro da escola, eu concordo que deveria ter mais funcionários e mais pessoas cuidando da escola, que o governo investisse mais em segurança contratando mais pessoas para cuidar da escola para que isso não ocorra", ressalta. Ela afirma que essa é um tipo de tragédia difícil de prever. "Vivemos momentos de muita turbulência e terrorismo, então precisamos cuidar do nosso ambiente escolar", opina.

As aulas na escola estão suspensas até a semana que vem. As aulas das demais escolas estaduais de Cambé também foram suspensas, mas voltam na quarta-feira, segundo o governo do Estado.

A escola tem 41 turmas e quase 800 matrículas, entre turmas do ensino médio e fundamental, de acordo com a Seed.

(Colaborou Jéssica Sabbatini)

(em atualização)